sexta-feira, 4 de março de 2011

Faltam profissionais nos setores aéreo e marítimo

A falta de mão de obra qualificada no Brasil chegou ao mar. Com o crescimento da economia nacional previsto para 4,5% em 2011 mais eventos como Copa do Mundo, em 2014, e Olimpíada, no Rio de Janeiro em 2016, a marinha mercante nacional já enfrenta carência de profissionais. Estudo do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) prevê que até 2013 o setor deve contabilizar, só entre os oficiais, cerca de mil postos de trabalho não preenchidos, mesmo com salário inicial entre R$ 8 mil e R$ 9 mil.

A Marinha Mercante é o setor das empresas cujas atividades são o transporte de mercadorias em operações de exportação ou importação ou até mesmo a pesca. Os oficiais são os encarregados do gerenciamento e do comando das atividades e das máquinas da embarcação. Roberto Galli, vice-presidente do Syndarma, afirma que a falta de profissionais tem como principal razão a demanda por causa dos eventos marcados para o País nos próximos cinco anos, caso da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos e também da exploração do petróleo na chamada camada pré-sal. Galli afirma que a carência de oficiais é sentida no valor do salário médio oferecido ao segundo oficial, posto mais baixo do grupo.

Hoje, para iniciar a carreira, a oferta média das companhias fica entre R$ 8 mil e R$ 9 mil, diz o tenente Leonardo Madela, um dos integrantes do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha, localizado no Rio de Janeiro. Na Marinha Mercante brasileira, além de 2º oficial náutico e de máquinas, o grupo de oficiais é formado por 1° oficial náutico e de máquinas, pelo imediato e pelo comandante, responsável pela tomada de decisões na embarcação.

Segundo o oficial Madela, os candidatos devem ter entre 17 e 23 anos e segundo grau completo. O vestibular ocorre anualmente, sempre no mês de agosto. Em 2010 foram cerca de 10 mil candidatos para 245 vagas, uma relação de 25 postulantes para cada vaga.

Ele explica que nos últimos dois anos, oficiais do Ciaga têm percorrido cursinhos pré-vestibular do Rio de Janeiro para apresentar a Marinha Mercante como alternativa de carreira. “Em São Paulo, os interessados podem fazer as provas na capital ou em Santos”, observa. O curso dura quatro anos, três de formação teórica, em temas que vão de engenharia a administração, e um ano de formação prática, com atividades em alto-mar em navios da Marinha. Todos os participantes recebem bolsa-auxílio mensal de R$ 700.

O segmento de pilotos de avião e helicóptero também enfrenta problemas de falta de profissionais capacitados. “O número de passageiros cresceu, o que demanda mais aeronaves e pilotos”, afirma André Castellini, diretor da consultoria Bain & Company.

Para Ronaldo Jenkins, diretor do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), a maior carência está entre os pilotos de táxi aéreo e de aeronaves particulares. “As grandes companhias absorveram mão de obra de empresas que fecharam, como Vasp e Transbrasil, e também repatriaram pilotos brasileiros que estavam no exterior”, afirma o executivo da entidade sindical.

Um dos principais motivos para a carência de pilotos no País é o alto custo da formação, admitem os especialistas. De acordo com estimativas do mercado, para se tornar piloto de táxi aéreo ou jatinhos – com algo entre 30 e 40 horas de experiência de voo – o candidato desembolsa até R$ 28 mil. Para ser um piloto comercial, de grandes companhias aéreas, cuja experiência de voo requerida é de 150 horas, em média, o desembolso chega a R$ 85 mil. O salário inicial médio é de R$ 5 mil.
Fonte: Agência Estado.

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