sábado, 24 de dezembro de 2011

Salário Mínimo em 2012 será de R$ 622

A presidente Dilma Rousseff assinou hoje o decreto que eleva para R$ 622 o valor do salário mínimo a partir de 1º de janeiro de 2012. O porcentual do reajuste ficou em 14,13% em relação ao valor atual, de R$ 545. O decreto será publicado no Diário Oficial da União de segunda-feira (26).

O reajuste do mínimo é calculado com base na combinação da inflação do ano anterior com a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. É uma fórmula adotada pelo governo para garantir aumentos reais para o salário. A Casa Civil da Presidência da República deve emitir nota técnica detalhando o reajuste. Até 2015, está assegurado que os reajustes anuais do mínimo serão adotados por decreto presidencial.

O PIB cresceu 7,5% em 2010, enquanto a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) atingiu 6,65%.

O novo salário mínimo deve injetar R$ 64 bilhões na economia brasileira em 2012, segundo cálculos da LCA Consultores. Para a consultoria, o ganho real de 7,5% do salário mínimo deverá agregar 0,3 ponto porcentual ao crescimento do consumo das famílias, componente que responde por 60% do PIB do País.

Em relação às contas públicas, cada real de aumento do salário mínimo representa R$ 289,8 milhões em novas despesas do governo. Como a elevação agora é de R$ 77, o impacto no erário deve ficar em torno de R$ 22 bilhões.
Fonte: Estadão.com.br

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Estaleiro de R$ 1, 2 bilhão em São José do Norte recebe licença prévia para construção



Presidente da Fepam diz que documento é o "mais complexo da história do órgão"

Prevista para novembro, a licença prévia para a construção do estaleiro Brasil, em São José do Norte, no sul do Estado, foi assinada na tarde de hoje pela Fepam. Com investimento total que ultrapassa os R$ 1,2 bilhão, o empreendimento é tratado como uma revolução para a região, que tradicionalmente vive de pesca e agricultura.

— Considero veloz o trâmite do documento, que é o mais complexo da história da Fepam — diz o diretor-presidente do órgão, Carlos Fernando Niedersberg.

Por levar em consideração aspectos ambientais, econômicos e sociais, a documentação foi analisada por mais de um ano e meio. Agora, a empresa precisará fazer pequenos ajustes antes de receber a licença de instalação, que permitirá o início das obras. A expectativa é que o documento seja recebido no início do próximo ano.

O estaleiro de São José do Norte possuirá 1,5 milhão m2 de área construída (o triplo do tamanho do Estaleiro Rio Grande, que possui cerca de 500 mil m2). A expectativa é que o empreendimento gere mais de 20 mil empregos diretos e indiretos. A cidade tem cerca de 24 mil habitantes.
Fonte: zero hora.com.br

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Expectativas positivas com o novo Supersimples

Recentemente a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que ajusta as faixas do Supersimples e do Microempreendedor Individual (MEI). Especialistas estão confiantes de que a ampliação provocará mudanças positivas no País

Em 2010, 80% dos novos empregos no Brasil foram gerados pelas pequenas empresas
A aprovação da Lei Complementar nº 77 de 2011 significou um avanço no Brasil e uma conquista para as micro e pequenas empresas. “As novas regras do Simples Nacional são fundamentais para impulsionar a geração de postos de trabalho no Brasil”, acredita o gerente de Políticas Públicas do Sebrae, Bruno Quick. Segundo ele, em 2010, 80% dos novos empregos foram gerados pelas pequenas empresas.

Somente as empresas com até quatro trabalhadores foram responsáveis pela geração de 1,2 milhão de postos de trabalho no ano passado, segundo o Sebrae. Em 2011, já ultrapassaram 2 milhões os postos de trabalho gerados pelos pequenas empreendedores. Quick destaca que um dos pontos mais importantes das novas regras sancionadas pela presidente Dilma Rousseff é a figura do microempreendedor individual (MEI), criada para incentivar a formalização de quem tem ganho mensal de até R$ 5 mil. “São mais de 100 mil novas empresas por mês e o desafio do Sebrae é acompanhar esse crescimento, dando assistência a esses novos empresários”, acrescenta.

Pela nova lei, o limite de enquadramento no regime simplificado de tributação sobe de R$ 240 mil para R$ 360 mil, no caso das microempresas, e de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões para as pequenas empresas. Esses são os valores que poderão ser faturados anualmente para permanecer no programa. O teto para o MEI passou de R$ 36 mil para R$ 60 mil por ano.

Com o aumento do número de empresas que poderão se manter no Supersimples e as que ainda têm a opção de escolher esse sistema, a economia brasileira sairá ganhando. Pelo menos é essa a convicção do secretário-executivo do Comitê Gestor do Simples Nacional, Silas Santiago.

“A ampliação no teto vai estimular o mercado interno, protegendo o Brasil das crises internacionais”, afirma. Ele destaca, ainda, que essa é a primeira vez que ocorre aumento real no limite em todas as faixas. “Trata-se do fortalecimento das micro e pequenas empresas”, comemora.

A lei também duplica para R$ 7,2 milhões o limite de faturamento anual para as empresas exportadoras. Assim, as vendas para outros países poderão chegar ao mesmo valor das operações no mercado interno. Então, dentro desse teto, a empresa continuará enquadrada no regime simplificado.

De acordo com dados do Sebrae/RS, no Rio Grande do Sul, cerca de 70 mil empresas excederiam o limite de faturamento de 2,4 milhões e seriam excluídas do Supersimples ainda em 2011. Em relação ao MEI, a previsão é que, até o final de 2012, totalizem aproximadamente 150 mil empreendedores cadastrados desde 2009 no Estado. “A ampliação dos limites fará com que mais empresas possam optar por esse regime diferenciado de tributação e ainda impedir que algumas sejam excluídas por estarem beirando o limite de faturamento”, comenta o presidente da entidade, Vitor Augusto Koch.

Diminui a informalidade e aumenta a arrecadação

Quando se fala em informalidade, logo se pensa em burocracias de registro da empresa e em alta carga tributária. Na opinião do presidente do Sebrae/RS, Vitor Augusto Koch, o principal prejudicado com essa situação é o próprio empreendedor, pois ele não tem acesso a crédito, fornecedores e previdência social. “Se o Estado disponibiliza ao contribuinte um sistema simplificado e favorecido de recolhimento de impostos, a tendência é haver diminuição da informalidade e aumento da arrecadação”, justifica.

Um exemplo disso é o aumento de arrecadação obtido com o Supersimples e o número de empreendedores individuais formalizados. Desde a entrada em vigor do sistema, em 2007, em relação aos impostos da União, a arrecadação passou de R$ 17,6 bilhões em 2007 para R$ 26,6 bilhões em 2010. Esse aumento representa um crescimento de 51% no período. Em relação ao ICMS, a arrecadação em 2010 foi de R$ 6,2 bilhões, o que significa aumento de 253% em relação a 2007.

No caso do microempreendedor individual (MEI), desde sua criação, em 2009, já são mais de mais de 1,7 milhão de cadastros no Brasil. De acordo com gerente de Políticas Públicas do Sebrae, Bruno Quick, o dado mais importante é que 95% dos empreendedores têm incentivado a formalidade e 87% trabalham para se transformar em microempresas.

Empresários comemoram aumento do teto e avaliam a proposta

Embora algumas reivindicações da classe empresarial não tenham sido contempladas na proposta do governo federal, que ampliou o teto do Supersimples, os empresários consideram o momento vitorioso. O vice-presidente da Fecomércio do Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Bohn, salienta como pontos positivos a possibilidade de parcelamento do débito tributário em até 60 meses (cerca de 500 mil empresas no Brasil poderão ser beneficiadas) e a redução da carga tributária. Sem essa facilidade, elas seriam excluídas do sistema em janeiro de 2012. Porém, segundo ele, ainda há certa frustração dos empresários, pois alguns pontos não foram valorizados. “Algumas atividades, como os representantes comerciais, não estão incluídas no Supersimples, mas vamos continuar lutando”, avisou. Os representantes comerciais, por exemplo, estão fora do sistema simplificado.

Outros pontos que ainda merecem atenção, conforme Bonh, são as questões de diferenciais de alíquotas e a substituição tributária. “A empresa paga 5% a mais de diferencial de alíquotas do ICMS sobre as compras realizadas em outros estados”, comenta.

A Fecomercio de São Paulo (Fecomercio-SP) enfatiza que muitos dos ajustes feitos na lei beneficiam mais ao fisco do que às micro e pequenas empresas (MPEs). A assessoria técnica da entidade paulista pondera que, além da ampliação dos limites da receita bruta anual para enquadramento das empresas, a LC 77/11 apresenta apenas dois pontos positivos, a simplificação dos processos de abertura e baixa, com o tempo de inatividade reduzido de três anos para 12 meses; e o incentivo à exportação.

Outro ponto questionado é quanto à revisão dos limites para adesão ao programa sob a tutela do Comitê Gestor do Simples Nacional. A federação diz que não foi a melhor decisão e acredita que o mais adequado seria estabelecer uma atualização automática das faixas, corrigidas anualmente pelo INPC, o que eliminaria os efeitos de ingerências políticas sobre o tema.

O diretor-executivo da Confirp Contabilidade, Richard Domingos, também faz esse alerta e aconselha as empresas a realizar um planejamento e analisar friamente a inclusão. “É necessário ficar atento, pois o rendimento não é a única questão que deverá ser avaliada na hora do enquadramento”, comenta Domingos.

Brasil é bicampeão em burocracia

Já é sabido que a alta carga tributária e a burocracia que envolve o recolhimento dos impostos são as principais reclamações dos empreendedores brasileiros. Levantamento feito por uma consultoria em parceria com o Banco Mundial demonstrou o custo de todos os impostos e contribuições, o número de vezes que são recolhidos no ano e o tempo gasto para apurar tudo. No Brasil, uma empresa de porte médio leva 2,6 mil horas por ano realizando esse tipo de serviço. É mais que o dobro da Bolívia e três vezes mais que a Venezuela. Nos Estados Unidos, uma empresa similar precisa de apenas 187 horas.

A pesquisa demonstrou que o Brasil é bicampeão na burocracia para recolhimento de impostos, o que quer dizer que as empresas brasileiras gastam R$ 43 bilhões por ano só para manter funcionários e equipamentos para atender todo o emaranhado tributário. De acordo com o presidente do Sebrae/RS, Vitor Augusto Koch, o Simples Nacional acaba descomplicando isso, em razão de ter efeito de imposto único, tendo uma alíquota que compreende o recolhimento de seis impostos da União, um dos estados (ICMS) e um dos municípios (ISS).
Fonte: Jornal do Comercio.com

Crescimento da economia brasileira cria 19 milionários por dia, diz Forbes

Uma reportagem publicada no site da prestigiosa revista norte-americana de economia Forbes diz que o crescimento da economia brasileira "está criando 19 milionários por dia desde 2007". Isso acontece graças ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e das taxas de consumo, diz o texto.

Dilma é 22ª em lista dos mais poderosos do mundo da Forbes. A estatística dos 19 milionários novos por dia foi medida considerando toda a riqueza individual, incluindo investimentos, propriedade, poupança e outros patrimônios, além de dinheiro, a reportagem explica. Segundo a revista, a tendência deve se repetir ao menos pelos próximos três anos. "O Brasil atualmente tem 137 mil milionários (de acordo com a lista de bilionários do mundo da Forbes em 2011) e cerca de 30 bilionários, com 70% da riqueza do País concentrada em São Paulo e no Rio de Janeiro", diz.

A revista deixa, claro, entretanto, que são milionários nos termos da economia brasileira, o que equivale a pessoas com patrimônio equivalente a cerca de US$ 540 mil. "Indivíduos com patrimônio entre US$ 539 mil e US$ 2,7 milhões (R$ 1 milhão e R$ 5 milhões) formam o grupo de novos milionários", diz a "Forbes". A presidente Dilma Rousseff aparece em 22º lugar na lista anual das pessoas mais poderosas do mundo divulgada no início do mês pela "Forbes". Entre as 70 personalidades do ranking, Dilma é a única brasileira.
Fonte: O Globo.com

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Manual da pequena empresa sustentável

Aprenda o passo a passo para tornar a sustentabilidade o diferencial competitivo de uma pequena empresa

O dia a dia corrido e atribulado de pequenas empresas muitas vezes não permite a empresários perceber a importância competitiva que a sustentabilidade pode trazer aos negócios.

Mas por incrível que possa parecer, tornar sustentável uma pequena empresa requer pouco investimento financeiro e pode trazer, em contrapartida, lucratividade, diminuição de custos, melhoria na reputação e diferenciação perante à concorrência.

“Porém, muitas destas empresas travam uma luta diária para não fecharem as portas e dificilmente se preocuparão com a sustentabilidade se não forem estimuladas a perceber os benefícios desta mudança”, alerta João Francisco de Carvalho, presidente da consultoria em sustentabilidade The Key.

Para o especialista, tornar sustentável a pequena empresa vai além de enxergar as ações de sustentabilidade como oportunidades de crescimento e os gestores devem seguir sete princípios fundamentais:

• Horizontalidade: não existe sustentabilidade que seja ligada apenas a uma área da empresa. As ações devem ser transversais, envolvendo todas as áreas de diferentes formas;
• Verticalidade: o líder deve ser exemplo, tendo uma conduta ética e responsável, estabelecendo diretrizes sem focar na hierarquia, mas na proximidade com a equipe;
• Cultura: a sustentabilidade deve estar inserida no dia a dia da empresa, fazendo parte dos valores e princípios defendidos pela organização;
• Institucionalidade: regras como metas e critérios para avaliação de desempenho devem estar claras a todos os colaboradores;
• Governança: em pequenas empresas a estrutura das tomadas de decisão é mais enxuta. Para facilitar, o proprietário deve se reunir com a equipe constantemente, além de saber atribuir e cobrar;
• Engajamento: o universo “micro” de funcionários, acionistas, fornecedores e comunidades deve ser o primeiro a ser impactado com a causa da pequena empresa;
• Cadeia de valor: escolher as empresas parceiras pautando-se nas práticas sustentáveis que elas mantém é uma forma ingressar em um ciclo de melhoria contínua para todos os participantes da cadeia.

Carvalho ainda explica que, tendo estes preceitos estabelecidos, a pequena empresa precisará passar por cinco etapas até tornar-se efetivamente sustentável:

• Formalização. “O governo dá todas as condições para o pequeno empresário sair da informalidade. Sem estar em dia com as questões tributárias, trabalhistas e sindicais é impossível que ela se torne sustentável”, diz Carvalho;

• Educação Interna: é preciso preparar os funcionários para a implementação das novas práticas. “Reuniões, palestras educativas, envio de referências e fontes de consultas, ajudam muito no processo”;

• Cesta de indicadores para os funcionários: no caso da pequena empresa, é preciso escolher quais indicadores como, por exemplo, os do GRI (Global Reporting Iniciative), poderão ser adaptados à realidade da organização;

• Estabelecimento de metas: mesmo em equipes enxutas, o crescimento sustentável da empresa depende do estabelecimento claro das atribuições de cada participante e de prazos para controle e avaliação;

• Avaliação constante: cada parte da organização deve cumprir o seu papel para o estabelecimento de um ciclo sustentável permanente.

Portal HSM

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Governo anuncia salário mínimo de R$ 622,73 ao Congresso

O governo anunciou ao Congresso Nacional a elevação do valor do salário mínimo para R$ 622,73 a partir de 1º de janeiro de 2012. A previsão era R$ 619,21, com a revisão aumentou R$ 3,52. O reajuste consta da atualização dos parâmetros econômicos utilizados na proposta orçamentária de 2012. O anúncio foi enviado em ofício do Ministério do Planejamento.

O projeto orçamentário encaminhado ao Congresso, em agosto passado, foi feito com previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 5,7%. Com a atualização que elevou a inflação para 6,3 %, também haverá a elevação do reajuste do salário mínimo, que era 13,62% para 14,26% em relação ao atual valor que é de R$ 545,00.

A política de recuperação do salário mínimo prevê reajuste com base na inflação de 2011 mais a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2010, que foi de 7,5%. Com a projeção de aumento do INPC haverá também aumento nos benefícios assistenciais e previdenciários para os que recebem acima de um salário mínimo. A previsão de reajuste para esses casos subiu de 5,7% para 6,3%.
Fonte: Jornal do Comercio.com.br

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Warren Buffett paga US$10,7 bilhões por fatia de 5,5% na IBM

Warren Buffett anunciou que ele e a sua Berkshire Hathaway acumularam uma participação de 5,5 por cento na IBM, a maior aposta do investidor bilionário no ramo da tecnologia, que ele historicamente sempre evitou.

Buffet se disse convencido do plano a longo prazo da IBM e da posição enraizada em grandes negócios, parte da vantagem competitiva que procura quando investe em alguma companhia.

"Não conheço nenhuma outra grande companhia que seja realmente tão especializada como a IBM é no que se propõe a fazer e como se propõe a fazer", declarou Buffett durante entrevista à CNBC nesta segunda-feira.

Esse movimento coloca o capital de Buffett precisamente no coração da indústria de tecnologia, setor que ele sempre evitou com a explicação de que simplesmente não entendia sobre ela.

"É mais uma confirmação de que ele vê o que é internacional como mais importante", afirmou o presidente-executivo da gestão de riquezas YCMNET Advisers, Michael Yoshikam, que cuida de mais de 1 bilhão de dólares em ações da Berkshire.

Buffett disse ter comprado cerca de 64 milhões de ações da IBM, pagando por 10,7 bilhões de dólares. A Berkshire começou a comprar as ações em março, com uma meta de construir uma posição de 10 bilhões de dólares, segundo ele.

O investidor afirmou que a IBM não sabia que ele estava construindo uma participação e que a companhia só teve ciência do investimento com a revelação na entrevista.
Fonte: Estadão.

Mais ricos têm renda 39 vezes maior que os mais pobres, diz Censo 2010

Segundo IBGE, receita média mensal per capita do brasileiro é de R$ 668, entretanto, dados indicam que metade da população recebia até R$ 375, inferior ao salário mínimo do período

Embora pesquisas apontem quedas sucessivas na desigualdade de renda no Brasil, dados do Censo 2010 divulgados nesta quarta, 16, mostram que os 10% mais ricos no País têm renda média mensal trinta e nove vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha (R$ 137,06) durante três anos e três meses para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico (R$ 5.345,22).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os 10% mais pobres ganhavam apenas 1,1% do total de rendimentos. Já os 10% mais ricos ficaram com 44,5% do total. Outro recorte revela o rendimento médio no grupo do 1% mais rico: R$ 16.560,92. Os dados valem para a população de 101,8 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais de idade e algum tipo de rendimento em 2010. A renda média mensal apurada foi de R$ 1.202. Levando-se em conta os habitantes de todas as idades, o IBGE calculou a renda média mensal per capita de R$ 668. O Censo indica, porém, que metade da população recebia até R$ 375 por mês, valor inferior ao salário mínimo oficial em 2010 (R$ 510).

O IBGE também mostra que as cidades de porte médio, com população entre 10 mil e 50 mil habitantes, foram as que apresentaram a maior incidência de pobreza. Enquanto a proporção de pessoas que viviam com até R$ 70 de rendimento domiciliar per capita era, em média, de 6,3% no Brasil, nos municípios de 10 mil a 20 mil habitantes esse porcentual era o dobro (13,7%), com metade da população nessas cidades vivendo com até meio salário mínimo per capita. Já nas cidades com população superior a 500 mil habitantes, menos de 2% recebiam até R$ 70 per capita e cerca de um quatro (25%) vivia com até meio salário mínimo de rendimento domiciliar per capita.

Entre as capitais, segundo o IBGE, manteve-se a tendência de melhores níveis de rendimento.
Fonte: Estadão.com.br

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ciclovia da Avenida Ipiranga

Prefeito, que inaugurou o trajeto em setembro, garantiu a continuidade das obras.

O secretário da Infraestrura e Logística do Estado, Beto Albuquerque, deu declarações polêmicas a respeito da ciclovia da Avenida Ipiranga. De acordo com ele, o traçado em construção desde o mês de setembro, em Porto Alegre, colocaria em risco os ciclistas por ter sido delimitado sob a rede de fios de alta tensão e em cima de tubos condutores de gás natural.

Beto Albuquerque alega que ao longo dos quase dez quilômetros do trajeto - às margens do Arroio Dilúvio, entre as avenidas Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio) e Antônio de Carvalho - os usuários da ciclovia estarão expostos a acidentes e até a possíveis explosões. Em entrevista a emissoras de rádio, ele justificou que esta é uma opinião pessoal, que não impede o andamento das obras.

Questionado sobre a possibilidade de tentar interromper as obras, já que a ingerência do cargo o permitiria, Beto fez questão de ressaltar que sua "opinião" estava embasada em ressalvas contidas no documento da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) que autorizou as obras da ciclovia. "Minha opinião é técnica e não se pode afirmar que não há riscos no local. Quando se programa este tipo de aglomeração em uma área de risco é preciso ter responsabilidade", enfatizou.

Perguntado sobre os riscos já existentes no local, Beto ainda ressaltou que os motoristas que circulam pela Avenida Ipiranga estão mais protegidos. "Os motoristas estão protegidos pelos veículos, mas os ciclistas que terão de circular, por cerca de 10 quilômetros, no traçado estão expostos aos acidentes", concluiu.

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, demonstrou insatisfação com a manifestação de Beto Albuquerque. Fortunati revelou surpresa com as declarações, tendo em vista que "jamais" recebeu qualquer tipo de notificação oficial do secretário. "Tomei conhecimento das declarações pela imprensa e fiquei espantado com o conteúdo", afirmou.

Fortunati defendeu a ciclovia e disse acreditar que o verdadeiro risco aos ciclistas seria o de continuar circulando entre os veículos. O prefeito alegou que os fios de alta tensão e, sobretudo, as tubulações de gás natural foram autorizados pela CEEE. Sobre as ressalvas no laudo, ele ressalvou que "todas estão sendo observadas" e lembrou que na mesma avenida há uma passarela, feita em aço, muito próxima à rede de energia e serve para a travessia de milhares de pedestres entre a Pucrs e o Hospital São Lucas."Tenho a convicção de que os ciclistas estarão muito mais seguros na ciclovia do que circulando entre os carros", assegurou.

Apesar da polêmica, Fortunati garantiu a continuidade das obras. A previsão é de que o traçado da ciclovia seja concluído no primeiro semestre de 2012. A faixa especial para os ciclistas terá 9,4 quilômetros e está orçada em R$ 2,5 milhões, com recursos provenientes de uma parceria entre o Grupo Zaffari e o shopping Praia de Belas. O trajeto terá piso na cor vermelha, sinalização horizontal e vertical e semáforos específicos.

Sulgás apresenta comunicado sobre rede de gás natural

A Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul - Sulgás, empresa responsável pela construção e operação de gasodutos de distribuição no Estado, se manifestou sobre a rede de gás natural instalada na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre.

Segundo o comunicado, a tubulação de aço naquele local está enterrada a um metro de profundidade, protegida por placas de concreto e sinalizada de acordo com as normas técnicas. "O referido gasoduto foi projetado e construído, considerando-se a existência da rede elétrica de alta tensão, situação usualmente encontrada quando da construção de redes de gasodutos, plenamente contornável e admissível, sob o ponto de vista técnico".

Para neutralizar os efeitos de uma possível indução eletromagnética causada pelas linhas de alta-tensão, a empresa informa que existe um sistema de aterramento para correntes induzidas. Além disso, a tubulação é provida de um sistema de proteção catódica dimensionado para tal situação. A integridade da rede é mantida também através de um plano de inspeções e manutenções preventivas.

A Companhia ainda ressalta que constrói a sua rede de gasodutos mediante pareceres dos órgãos competentes e licenciamento ambiental. Portanto, não existem irregularidades no gasoduto em questão.

No que diz respeito à execução da ciclovia, a Sulgás afirma que já foram repassadas aos agentes responsáveis pela execução dessa obra, as orientações quanto aos cuidados necessários para manter a integridade de todos os elementos da rede de gasodutos durante a obra.
Fonte: Jornal do Comércio.com

domingo, 6 de novembro de 2011

Groupon é líder em reclamações sobre compras coletivas no Procon-SP

Peixe Urbano e Clube do Desconto ocupam a segunda e terceira posições no ranking

O mercado de compras coletivas está na mira da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-SP), que começa a monitorar mais de perto as empresas do segmento. O site Groupon, que nesta sexta realizou um IPO milionário nos Estados Unidos, aparece em primeiro lugar no ranking de reclamações do setor elaborado pela instituição. Os números ainda são pequenos quando comparados ao total de queixas relacionadas a compras na internet, mas vem ganhando força, garante o órgão.
Segundo a pesquisa, foram realizados 190 atendimentos na capital paulista de queixas sobre o Groupon de janeiro a 30 de setembro deste ano. Na segunda posição aparece o Peixe Urbano, com 125 registros. Clube do Desconto e ClickOn vêm na sequência, ambos com mais de 100 atendimentos no período. Quando a pesquisa é ampliada para todas as compras online, os números dão um salto. Apenas no primeiro semestre de 2011, o Procon-SP registrou mais de 22 mil chamados sobre este meio de consumo.
"O site de compras coletivas é tão responsável pelo problema quanto o estabelecimento que oferece o serviço ou produto", afirma o diretor-executivo do Procon-SP, Paulo Góes. Segundo ele, as empresas já foram notificadas sobre as reclamações e a multa por descumprimento ao direito do consumidor pode chegar a R$ 6 milhões.
As principais queixas sobre o setor envolvem a não entrega do produto e dificuldades com o cancelamento do pedido. "A questão não é ter problemas, mas sim como a empresa lida com isso. Os consumidores precisam ter canais ágeis para que as falhas sejam resolvidas rapidamente e com eficiência juntos aos fornecedores", diz Goés.
A bancária Cláudia Quaglia comprou em julho um tablet e um netbook por meio de uma promoção do Groupalia, que ocupa a sétima posição no ranking, e até hoje não recebeu os produtos. Há quinze dias ela foi comunicada que receberia o valor do tablet de volta, mas o dinheiro ainda não foi depositado. Sobre o computador, a promessa é que será entregue pelo menos até o Natal. "Sempre usei sites de compra coletiva, mas hoje tenho medo de perder dinheiro", diz ela, que já registrou queixa no Procon.
No Facebook, uma comunidade chamada "Processo Coletivo: Groupalia, Groupon e Fluente Celular" reúne mais de mil membros que foram lesados pelas empresas e pelo fornecedor na compra de TVs, câmeras e outros produtos eletrônicos. A página recebe atualizações diárias sobre as negociações com os sites e processos abertos na Justiça.
Questionada sobre a liderança no ranking, o Groupon afirmou que "muitas das reclamações devem-se ao fato de o comprador não ler com atenção as regras da oferta". A empresa diz ainda que o primeiro lugar no levantamento é "um fato pontual, que se deve a problemas com parceiros específicos, que já estão sendo solucionados".
www.estadão.com.br

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Comissão no Senado amplia competências do Banco Central

Projeto acrescenta às atribuições do BC o estímulo ao crescimento da economia e à geração de empregos

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira, 1º, projeto que altera as competências do Banco Central, acrescentando ao rol de atribuições da autoridade monetária o "estímulo ao crescimento econômico e à geração de empregos". Por se tratar de projeto de lei complementar, a matéria tem de ser aprovada no plenário do Senado, exigindo-se quorum qualificado - mínimo de 41 votos favoráveis. Em seguida, a matéria seguirá para a Câmara.

O rol de competências do BC contempla, atualmente, "perseguir a estabilidade do poder de compra da moeda, garantir que o sistema financeiro seja sólido e eficiente". Para justificar o projeto de sua autoria, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) alegou que o Banco Central deve inserir-se "de forma explícita, dentro do projeto de desenvolvimento do País".
Fonte: Estadão.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Rota hidroviária começa as operarações na próxima semana

Secretário Obras Públicas fiscalizou a embarcação que fará a travessia entre a Capital e Guaíba
O secretário de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Luiz Carlos Busato, fiscalizou nesta quinta-feira (20), o barco catamarã que fará a travessia regular entre Porto Alegre e Guaíba. O transporte possui capacidade para 122 passageiros e mais dois tripulantes designados para auxiliar os viajantes. O contrato do novo modal foi firmado entre a Secretaria, por meio da Fundação de Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), e a empresa Catsul Guaíba.

Depois de inaugurada a rota, no dia 27 de outubro, o catamarã irá viajar de hora em hora, tanto no trajeto Porto Alegre-Guaíba, quanto vice-versa. Serão dois barcos, operando das 06h às 19h30, com tarifas promocionais, custando R$ 6 durante a semana e R$ 7 aos sábados e domingos. Após o primeiro mês, as passagens custarão R$ 7.

"No próximo dia 28, o catamarã estará em funcionamento e atenderá toda população da Região Metropolitana", afirma o secretário Busato. O passageiro irá partir do armazém B3 do Cais do Porto, com acesso direto ao Mercado Público, e desembarcará na rodoviária de Guaíba.

O barco possui 150 coletes salva-vida, adulto e infantil, assentos para quem necessita de condições especiais e também vagas para cadeirantes. O novo meio de transporte oferece 122 poltronas estofadas e TVs de LCD. A cabine de passageiros é protegida de chuva e vento. A expectativa é que duas mil pessoas usem o serviço diariamente.

O transporte hidroviário entre Porto Alegre-Guaíba é uma iniciativa do governo do Estado, por meio da Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano. A ação atende além dos municípios de Porto Alegre e Guaíba as cidades de: Arroio dos Ratos, São Jerônimo, Charqueadas e Eldorado do Sul, por meio da integração física no terminal de Guaíba.
Fonte: Jornal do Comércio.

PSA Peugeot Citroën investirá R$ 3,7 bi no Rio até 2015

Com o objetivo de dobrar a capacidade produtiva do País, companhia vai investir R$ 575 milhões por ano no Brasil entre 2012 e 2015

A PSA Peugeot Citroën vai investir R$ 3,7 bilhões no Rio de Janeiro entre 2010 e 2015, com o objetivo de aumentar sua produção no País, anunciou nesta quarta-feira, 26, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, após reunir-se com a presidente Dilma Rousseff, o presidente do conselho do grupo, Thierry Peugeot, o presidente da montadora para América Latina, Carlos Gomes, além do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O investimento expandirá a capacidade da planta já instalada no País, que produzirá 300.000 unidades anuais a partir de 2015. Hoje, a produção é de 140.000 unidades anuais.
Brasil
A Peugeot Citröen vai investir R$ 575 milhões por ano no Brasil entre 2012 e 2015 com o objetivo de dobrar a capacidade produtiva na região, afirmou Gomes.

Segundo ele, a capacidade de produção de motores deve aumentar de 280 mil para 400 mil unidades por ano, enquanto a de veículos deve dobrar, alcançando 300 mil unidades. Além disso, a fábrica da montadora em Porto Real, no Rio de Janeiro, deve ser ampliada em 40 mil metros quadrados e gerar 1.700 novos empregos.

A companhia pretende produzir oito novos modelos no Brasil de 2012 a 2015 e também deve aumentar o número de concessionárias de 320 para 480 durante o período. A Peugeot vai financiar o investimento por conta própria, acrescentou Gomes.
Fonte: Agência Estadão.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Empresas de capital aberto no Brasil investem 10,5% mais em inovação

Apesar disso, número de empresas brasileiras no ranking permaneceu inalterado com cinco grupos

As empresas de capital aberto no Brasil seguiram o ritmo global e aumentaram em 10,5% o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no ano passado. O montante destinado passou de US$ 1,9 bilhão em 2009 para US$ 2,1 bilhões em 2010, segundo o estudo anual "Global Innovation 1000 de 2011" divulgado hoje pela consultoria global Booz & Company.

Apesar de investirem mais, o número de empresas brasileiras citadas no ranking de gastos com inovação permaneceu inalterado com cinco grupos: CPFL Energia, Embraer, Petrobrás, Totvs e Vale. A maioria delas aumentou a fatia de investimentos em P&D no ano passado. A única que fez o caminho inverso foi a Vale, que cortou recursos para esta finalidade - passaram de US$ 1,115 bilhão para US$ 891 milhões em 2010.

No âmbito global, as mil empresas de capital aberto que mais investiram em pesquisa e desenvolvimento em 2010 elevaram os investimentos em P&D em 9,3%, totalizando uma cifra de US$ 550 bilhões. Trata-se de "uma forte recuperação com relação ao declínio de 3,5% de 2009 - o que marca um retorno à trajetória de crescimento no longo prazo dos gastos com inovação", destaca a pesquisa da Booz & Company.
Das organizações acompanhadas pela consultoria no mundo inteiro, 68% elevaram os seus gastos com P&D em 2010. O destaque ficou para os setores de informática e eletrônicos, saúde e automotivo, que juntos responderam por mais de três quartos (77%), ou US$ 36,1 bilhões, de uma expansão de US$ 46,8 bilhões.

Os segmentos que apresentaram o maior porcentual de crescimento em P&D foram software e internet (11%), saúde (9,1%) e insumos (8,5%). Novamente a Apple foi citada como a empresa que mais investe em inovação pelos 600 executivos consultados pela Booz & Company.

Google e 3M ocuparam o segundo e terceiro postos, nesta ordem. Além destas, o Facebook também foi bastante lembrado pelos executivos, entrando na décima colocação.
Fonte: Estadão.com.br

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Rio Grande do Sul negocia novo aeroporto

Governo estadual busca apoio federal para licitar a construção e a gestão de um aeroporto pela iniciativa privada, a 25 quilômetros de Porto Alegre

O governo do Rio Grande do Sul quer aproveitar o bom humor da iniciativa privada com o setor aeroportuário para viabilizar a construção de um novo aeroporto na região metropolitana de Porto Alegre. O projeto prevê a utilização de uma área de 25 quilômetros quadrados entre os municípios de Portão e Nova Santa Rita, a cerca de 25 quilômetros da capital gaúcha.

Batizado provisoriamente de 20 de Setembro, a data de celebração da Revolução Farroupilha, o novo aeroporto pode ser uma alternativa para a expansão do transporte aéreo no Estado.

A Secretaria de Aviação Civil (SAC) participou de reuniões sobre o tema com representantes do governo do Rio Grande do Sul e deu o aval para a realização de estudos de viabilidade técnica e econômica. O governo estadual quer apresentar uma proposta para a SAC até o fim do ano.

"Queremos que o governo tenha no Rio Grande do Sul o mesmo olhar que teve com o aeroporto do Rio Grande do Norte, de fazer um projeto e convidar a iniciativa privada para participar", diz o secretário de Infraestrutura do Estado, Beto Albuquerque. O aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), na região metropolitana de Natal, foi leiloado em agosto e será construído e administrado por um consórcio da brasileira Engevix com a argentina Corporación América.

Módulos. A proposta do governo gaúcho é que o Aeroporto 20 de Setembro seja construído em módulos, de acordo com a expansão da demanda. Apenas a primeira fase da obra deve custar, no mínimo, R$ 400 milhões, segundo Albuquerque. "Se o governo federal não se interessar pelo projeto, o estadual vai procurar a iniciativa privada."

Procurada pelo Estado, a SAC disse que ainda não definiu se fará uma concessão do novo aeroporto gaúcho, mas que o projeto entrará "em breve" na pauta de discussões sobre investimentos no setor. A Infraero não se pronunciou.

A criação de um novo aeroporto no Rio Grande do Sul é uma alternativa para suprir as necessidades de expansão do tráfego aéreo no Estado. O Aeroporto Salgado Filho, que atende a capital gaúcha, já opera acima da capacidade máxima e sua expansão é limitada. "Ele não tem como crescer. A cidade já o cercou", diz o professor de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS, Enio Dexheimer .

O Aeroporto Salgado Filho tem capacidade para receber 6,5 milhões de passageiros por ano, segundo dados da Infraero. No ano passado, 6,6 milhões de pessoas embarcaram ou desembarcaram no local. E, neste ano, o movimento deve ser maior. Somente nos oito primeiros meses, as companhias aéreas transportaram 5 milhões de passageiros de/ou para Porto Alegre.
Fonte: Estadão.com.br

sábado, 1 de outubro de 2011

Pacote popular de internet começa a ser ofertado amanhã em 344 cidades

Expectativa do Ministério das Comunicações é de que, até o final do ano, 544 municípios brasileiros tenham acesso ao pacote de internet fixa, que custa por R$ 35 ao mês

A partir deste sábado, 1º, consumidores de 344 cidades brasileiras poderão contratar pacotes de internet com velocidade de um megabit por segundo a R$ 35 por mês. Nessa data, passa a valer a obrigatoriedade dos acordos firmados pelas empresas Oi, Telefônica, Algar Telecom e Sercomtel para o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

A expectativa do Ministério das Comunicações é que, até o final do ano, 544 municípios brasileiros tenham acesso ao pacote popular de internet. Até 2014, todos os municípios brasileiros serão contemplados pelo serviço. Também serão iniciadas, a partir de amanhã, as ofertas de atacado dos termos de compromisso, destinadas a pequenos prestadores. Essas ofertas devem, em um primeiro momento, cobrir 982 municípios do País.

Conforme os Termos de Compromisso assinados pelas quatro concessionárias, não poderá haver venda casada, ou seja, a empresa não poderá obrigar o consumidor a comprar outro produto além da conexão à internet. Onde a venda de internet fixa por R$ 35 não for viável, porém, a operadora poderá vender banda larga móvel pelo mesmo valor mensal.

A TIM e a Claro também aderiram ao PNBL. A expectativa da TIM é contemplar 1.000 cidades até 2012 com o plano criado pela empresa especialmente para esta parceria com o governo federal. A Claro, que formalizou a adesão em agosto, anunciou o início imediato da oferta de internet rápida a preços populares, segundo o Ministério. Na próxima semana, o Ministério das Comunicações publicará na internet a lista com todos municípios abrangidos pela primeira etapa do PNBL.

Regras

Qualquer pessoa vai poder contratar um pacote de internet do PNBL. Para que isso ocorra, é preciso que a cidade esteja incluída no cronograma das empresas e que haja disponibilidade técnica. As empresas se comprometeram a oferecer o serviço de banda larga desenhado pelo governo a, pelo menos, 15% da base de assinantes de telefonia fixa da localidade.

Todos os pacotes vendidos no âmbito do PNBL têm limite mensal de tráfego. No acordo assinado pela Telefônica, por exemplo, o limite de download da banda larga fixa, que inicialmente é de 300 Megabytes (MB), passará para 600 MB e chegará em junho de 2013 a 1 Gigabyte (GB). Na banda larga móvel, é a metade: 150 MB, 300 MB e 500 MB, respectivamente.

No caso da Oi, o limite de download ofertado para internet fixa começa com 500 MB e será elevado para 1 GB após seis meses, sem patamares intermediários. Para a banda larga móvel, a franquia inicia com 150 MB, sobe para 200 MB e alcançará 300 MB em junho de 2013.

O serviço de internet não poderá, de modo algum, ser interrompido caso o usuário exceda o limite mensal de tráfego de dados. Caso o consumidor ultrapasse a franquia, a operadora poderá reduzir a velocidade da conexão, em limites que serão definidos pela própria empresa. A empresa também poderá oferecer ao consumidor a opção de fazer um pagamento extra para que a velocidade da conexão volte ao patamar normal.

As empresas vão apresentar ao Ministério das Comunicações, em 30 dias, um cronograma inicial com as primeiras cidades onde será ofertado o serviço. Os cronogramas terão metas trimestrais, que serão avaliadas e acompanhadas pelo Ministério antes e depois da implementação das ações por parte das empresas. Por questões de estratégia mercadológica, a lista das cidades onde haverá oferta de internet pelo PNBL só será divulgada 30 dias antes do início da comercialização na localidade.
Fonte: Estadão.com.br

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Itaú cria poupança em ações com débito em conta corrente

O mínimo para investir é R$ 60 por mês; ordem de compra fica agendada

O Itaú Unibanco achou um jeito diferente para incentivar o investimento em bolsa. O banco criou um programa que permite ao cliente pessoa física comprar ações todo mês com débito automático em conta corrente, o Compra Programada. "Ao fazer uma aplicação programada, o cliente se disciplina a poupar sempre. Ao olhar para horizontes mais longos, os riscos relacionados à volatilidade do mercado são reduzidos", disse Roberto Corrêa da Fonseca, superintendente da Itaú Corretora.

A ideia é fazer uma poupança em ações, destaca o executivo da corretora. O mínimo para investir é R$ 60 por mês. O cliente deixa agendado quanto quer investir por mês e não precisa enviar a ordem de compra todo mês. Quem compra a ação na bolsa é a Itaú Corretora.

A equipe de analistas do Itaú selecionou ações mais líquidas e com potencial de valorização. Entre as opções oferecidas aos clientes estão, além de Petrobrás, Vale e Itaú, papéis como PDG, Cemig e Gerdau. Também é possível comprar o ETF do Ibovespa (fundo listado que reproduz as ações do principal índice da bolsa). Segundo Fonseca, também se levou em conta na escolha dos papéis o valor de mercado da empresa e a volatilidade (o histórico de variação do preço da ação). No site da corretora, há vídeos dos analistas do banco fazendo comentários sobre as empresas.

O cliente escolhe o papel e o valor que planeja aplicar todo mês. Segundo o executivo, a média de investimento até agora é de R$ 600. Há ainda desconto de 20% a 90% na corretagem e isenção na taxa de custódia por até seis meses. No material de divulgação do Compra Programada, cálculos do banco indicam que quem aplicou R$ 300 todo mês na bolsa desde 2000, teria R$ 78 mil em julho deste ano se aplicasse em uma carteira similar ao Ibovespa, valorização de 250%. Se fosse em papéis da Vale, teria R$ 193 mil (ganho de 770%).

O produto do Itaú chamou a atenção da BM&FBovespa. Segundo Fonseca, executivos da bolsa foram conhecer o Compra Programada e consideram uma alternativa interessante para atrair pessoas físicas para o mercado de ações. O objetivo do banco foi criar uma forma simplificada de investir em ação, modalidade de aplicação que alguns clientes consideram complicada.

A BM&FBovespa tem tido dificuldade em atrair novos investidores. O número de pessoas físicas se estabilizou na casa dos 600 mil. Em agosto, a bolsa lançou uma nova política tarifária para o pequeno investidor. Além disso, mudou a meta para chegar a um público de 5 milhões de pessoas físicas. A ideia era atingir esse número em 2014, mas o ano foi alterado para 2018.
Fonte: Estadão.com.br

Síndrome do pânico tem sintomas físicos e provoca grande sofrimento

Transtorno é uma reação desproporcional de extrema ansiedade e com boa carga de medo a uma determinada situação
Vertigem, taquicardia, falta de ar, sudorese, sensação de impotência, certeza de que a morte se aproxima, desespero: embora mais conhecidas hoje do que eram há 20 ou 30 anos, as sensações experimentadas pelas vítimas do transtorno do pânico ainda causam um impacto devastador na vida dos atingidos. Por ser uma síndrome psiquiátrica, a patologia gera preconceitos e mal-entendidos. Em geral, ninguém imagina ser vulnerável ao mal, cuja incidência, segundo especialistas, tem crescido em ritmo acelerado.

Antes de passar pela primeira crise de pânico, a designer Débora (nome fictício), 28 anos, já sabia do estrago que a desordem pode causar no dia a dia.

— Acredito que só vivendo na pele o desassossego de sentir pânico para se ter uma ideia da gravidade. Não tratar é agonizar. É ver a vida perder o sentido — desabafa.

A primeira crise de Débora ocorreu no ano passado. Ao tentar embarcar para uma viagem de trabalho, ele foi acometida por uma sensação desesperadora de impotência absoluta diante das manifestações físicas e emocionais que lhe invadiram.

Os sintomas clássicos da síndrome foram desencadeados de repente.

— Ao entrar no avião, comecei a chorar. Sentia que ia morrer. A sensação de medo era tão grande que saí correndo. Alguns meses depois, voltei a sentir o mesmo quando estava dirigindo — conta.

O psiquiatra Fábio Leite explica que o transtorno do pânico é uma reação desproporcional de extrema ansiedade e com boa carga de medo a uma determinada situação, que pode ou não ser específica.

Segundo ele, no decorrer da vida deparamos com ameaças que provocam temor, sentimento que mexe física e emocionalmente com qualquer ser humano e que é até saudável, porque acaba se revelando uma proteção. Porém, no paciente com pânico, as reações fisiológicas e emocionais ocorrem sem motivo aparente.

A pessoa fica altamente insegura porque perde o controle, tem certeza de que nada pode fazer para sair da crise.

— A sociedade não entende a doença. Muitos acham que é frescura, descontrole emocional — observa o médico.

Adulto jovem é o alvo predileto

Diferentes pesquisas sugerem que o funcionamento cerebral e corporal desses pacientes é diferente do de indivíduos que nunca desenvolverão a síndrome.

O psiquiatra Fábio Leite lembra que algumas drogas, como anfetaminas, corticoides, maconha, cocaína e ecstasy, assim como algumas doenças, podem desencadear episódios de pânico.

Mas há também a ocorrência de crises sem qualquer fator claramente identificado, e isso a ciência ainda não conseguiu explicar. Existe também a forte suspeita de hereditariedade. O adulto jovem, entre 30 e 40 anos, é o alvo predileto da síndrome. As mulheres são mais vulneráveis.

Além das alterações cardiorrespiratórias, alguns pacientes sentem manifestações físicas menos comuns, como formigamento e contraturas musculares.

Sem os remédios, a tendência é a piora do quadro, e o prognóstico tende a ser depressão e, eventualmente, chega a provocar tentativas de suicídio.

Os psiquiatras alertam que a terapia cognitivo-comportamental é essencial para que o paciente entenda o problema e se coloque diante da situação sem perder o controle. Quanto mais precoce o tratamento, maiores as chances de superação.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um estudo conduzido pelo psiquiatra Marco André Urbach mostrou que a tontura, sintoma comum do pânico, é pouco investigada e tratada.

— Verificamos que 30% dos pacientes com transtorno têm alterações vestibulares, ou seja, no ouvido interno. Esse sintoma precisa ser avaliado, porque quando não tratado é um empecilho à recuperação dos pacientes — revela.

Saiba mais:

:: O que é

O transtorno do pânico é definido como crises recorrentes de forte ansiedade e medo. A característica principal são os ataques, geralmente imprevisíveis, de desespero ou de agonia.

:: Causas

Ainda são desconhecidas, mas há algumas teorias que tentam explicar o que motiva o problema:

- Neuroanatômica
Baseada no princípio de que o ataque de pânico é uma perturbação do sistema fisiológico que regula as crises normais de medo e ansiedade.

- Comportamental
Baseada na suposição de que vários princípios comportamentais estão envolvidos no desenvolvimento do pânico. Para os especialistas que acreditam nessa corrente, o paciente desenvolve o medo a partir de um determinado estímulo e, sempre que exposto a ele, a recordação de medo é evocada.

- Psicanalítica
Afirma que as crises de pânico se originam do escape de processos mentais inconscientes e até então reprimidos. Uma vez que o equilíbrio foi ameaçado, o funcionamento mental inconsciente transforma o conteúdo da repressão numa crise de pânico.

:: Sintomas

- Palpitações
- Sudorese
- Tremores e abalos
- Sensação de falta de ar
- Sensação de asfixia
- Dor ou desconforto no tórax
- Náusea ou desconforto abdominal
- Tontura ou vertigem
- Medo de perder o controle ou de enlouquecer
- Medo de morrer
- Formigamentos
- Calafrios ou calor

:: Tratamentos

A terapia cognitivo-comportamental pode e deve ser adjuvante ao tratamento medicamentoso, que consiste em:

- Inibidores de recaptação de serotonina: Têm função de regular a produção de neurotransmissores no sistema nervoso central, impedindo, assim, o surgimento de crises.

- Benzodiazepínicos: Têm função tranquilizante, atuando principalmente no início do tratamento, até que o equilíbrio do sistema nervoso seja restaurado.
Fonte: clicrbs.com.br

domingo, 18 de setembro de 2011

Aviso prévio poderá ser proporcional ao tempo de trabalho

Matéria polêmica divide empregados e empregadores. Para os trabalhadores, medida é vista como maior segurança para quem é demitido. Já os empresários advertem para a possibilidade de a medida inviabilizar novas contratações

Um dos direitos dos empregados resguardado pela Constituição Federal deverá ser regulamentado. O aviso prévio por tempo de serviço é garantido pela legislação, mas a própria Constituição fixa apenas o período mínimo, que é de 30 dias, seja ele trabalhado ou pago pelo empregador. A maioria das empresas, salvo os acordos coletivos de algumas categorias, segue o que manda a legislação. O artigo sétimo, inciso 21, diz que “são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo mínimo de trinta dias, nos termos da lei”.

Recentemente, a demora do Legislativo em regulamentar a matéria, levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a reabrir a antiga discussão. A corte decidiu, por unanimidade, que é direito legítimo do trabalhador obter o aviso prévio proporcional ao seu período de dedicação à empresa. Porém, os ministros divergiram sobre a quantidade de dias e o julgamento foi suspenso para análise das propostas.

O tema só entrou em pauta em razão das ações de quatro ex-funcionários da Vale que alegaram omissão do Congresso Nacional para legislar sobre o assunto. Apesar de o julgamento ser restrito a estes empregados, o presidente do STF resolveu abrir caminho para o debate. Atualmente encontram-se 49 projetos de lei que tratam do tema no Legislativo, mas todos sem solução.

No STF, o ministro Luiz Fux sugeriu o modelo europeu, que estabelece três meses de aviso prévio para dez anos de serviços ou mais. O ministro Marco Aurélio Mello apresenta a proposta de dez dias por ano trabalhado, respeitando os 30 dias. Já o presidente do STF, ministro César Peluso, defende cinco dias de aviso prévio para cada ano trabalhado, também respeitando o piso.

Mas se depender dos patrões a proporcionalidade do aviso não sairá do papel. De acordo com o vice-presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Roberto Diehl Kruse, dono da Patchwork, os empresários não vão conseguir suportar mais um encargo trabalhista. Segundo ele, a carga tributária já é bastante alta e, se for aliada a mais tempo de aviso prévio, as empresas podem acabar optando pela terceirização em vez da contratação efetiva. Ele lembra que o salário de cada funcionário custa o dobro para as pessoas jurídicas. Ao mesmo tempo, a tributação consome cerca de 30% do lucro das empresas e essa vem sendo a maior reclamação.

Para o vice-presidente da Federasul, o advogado André Jobim de Azevedo, a proporcionalidade, independente da proposta que for aprovada, é preocupante. Ele comenta que esta é uma questão tão técnica que levou o Supremo a cancelar a votação. Azevedo diz que a falta de regulamentação não inviabilizou que algumas categorias buscassem juridicamente os seus direitos ou que definissem a proporcionalidade por dissídio coletivo. Azevedo preocupa-se com a possibilidade que se abre à informalização. Segundo ele, está se fechando a perspectiva de crescimento do emprego no País.

Sindicatos destacam a segurança do trabalhador
As entidades sindicais levantam suas bandeiras pela melhor proposta que trouxer maior segurança aos empregados, além da regulamentação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que tem como tema a garantia do emprego contra a dispensa não motivada.

Em resumo, ela proíbe a demissão de trabalhadores “a menos que exista para isso uma causa justificada, relacionada com sua capacidade ou seu comportamento, ou baseada nas necessidades de funcionamento da empresa, estabelecimento ou serviço” (Art. 4º). Além disso, deverá ser dada ao trabalhador a possibilidade de defesa das acusações formuladas contra ele.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS), Celso Woyciechowski a unanimidade entre as entidades é de que seja aprovada aquela proposta mais vantajosa ao empregado. Apesar de algumas categorias já respeitarem a legislação estabelecendo um acordo coletivo, o sindicalista diz que o Brasil precisa evoluir neste sentindo.

Para ele, a Convenção 158 seria um passo social importante. “Tem que haver um motivo para dispensar um funcionário, a fim de evitar as demissões rotativas”, justifica. A opinião é compartilhada pelo presidente da Força Sindical, Luis Carlos Barbosa. Os sindicalistas reforçam a defesa pela regulamentação argumentando os direitos trabalhistas garantidos na Constituição Federal.

Juízes e desembargadores querem a regulamentação
No Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul (TRT/RS) existem diversas opiniões sobre o tema. Mas a posição do desembargador da 3ª Turma do TRT/RS Luiz Alberto de Vargas a proporcionalidade é plenamente legal. Segundo ele, existem diversas propostas e interpretações entre os desembargadores, mas conta que já ocorreram sentenças de até 30 dias por ano trabalhado.

Apesar de favoráveis a proporcionalidade, a interpretação majoritária dos desembargadores e juízes é de que não haja aviso prévio proporcional enquanto não houver uma regulamentação. Conforme Vargas, o STF entendeu que há elementos jurídicos para julgar a matéria.

Empresas calculam os custos da medida
As grandes empresas colocaram as contas na ponta do lápis. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) resolveu fazer um estudo técnico-financeiro com base em algumas propostas. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a CNC estima os custos salariais adicionais, para o setor produtivo. O levantamento considera o montante de demissões de empregados, sem justa causa, nos anos de 2008, 2009 e 2010, a participação relativa, nessas demissões, de cada faixa de tempo de serviço e a média salarial por atividade econômica.

Desta forma, estimam que, no caso de um mês de salário para cada período de três anos de trabalho, o custo para as instituições seria de R$ 30 bilhões. No cenário de um mês de salário para cada período de cinco anos de atividade, R$ 18 bilhões. Para dez dias de salário para cada ano trabalhado, R$ 29,9 bilhões. Somente no setor do comércio de bens, serviços e turismo, os custos adicionais seriam de R$ 5,2 bilhões a R$ 10,5 bilhões.

Para o primeiro vice-presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e presidente da Federação das CDLs (FCDL), Vitor Augusto Koch, a discussão do assunto é de competência do Legislativo e não do Supremo Tribunal Federal. Ele alega que o Brasil já possui um aparato jurídico que dá segurança ao trabalhador citando o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, Seguro Desemprego, entre outros. O executivo concorda com as opiniões de que, se houver aumento de dias do aviso prévio, corre-se o risco da informalidade. Ele teme, ainda, que o acréscimo na folha de pagamento das micro e pequenas empresas possa levá-las à ruína financeira. A solução, para Koch, é a discussão restrita entre sindicatos e empregadores.

Reforma na Constituição é uma das alternativas para regulamentar a regra
A expectativa é que o Supremo Tribunal Federal retome o debate e que a decisão aconteça ainda neste ano. A advogada trabalhista Regina Guimarães, uma das defensoras dessa ideia, destaca que a matéria é uma forma de atualização do artigo 7º da Constituição.

“É um direito assegurado aos trabalhadores, mas que nunca ficou regulamentado, como vários outros dispositivos da Constituição”, reclama. A advogada diz que “as propostas andaram a passos de tartaruga em várias comissões no Congresso”. Segundo ela, desde 1988, ano da Constituição, tramitam projetos na Câmara tentando regulamentar o tema.

A preocupação da advogada trabalhista é de que haja reconhecimento aos empregados que estão trabalhando há mais tempo nas suas empresas, pois esta seria uma forma de recompensá-los por todo o tempo em que foram úteis às suas instituições.

“Sabemos que os profissionais mais maduros, com pouco mais de idade, enfrentam dificuldades em se colocarem no mercado, e eles precisam se inserir novamente”, argumenta.

Além disso, segundo ela, é uma forma de desestimular as chamadas demissões rotativas, ou seja, quando o profissional alcança um limite de tempo e é demitido.
Fonte: Jornal do Comércio.com

Com aumento do IPI, construção de fábrica é inviável, diz Jac Motors

Segundo o presidente da empresa chinesa, uma montadora leva cerca de três anos para atingir nacionalização de 65%, uma das exigências do governo

O presidente da Jac Motors, Sergio Habib, disse nesta sexta-feira, 16, que, "do jeito que está escrito o decreto hoje, o projeto de construção da fábrica da Jac Motors no Brasil é inviável". "Mas o projeto está mantido por enquanto, porque acredito que o governo vai mudar", afirmou.

Segundo Habib, uma montadora leva cerca de três anos para atingir um nível de nacionalização de 65%. "A previsão da Jac Motors é que a fábrica fique pronta em 2014. Ou seja, só atingiríamos o índice de nacionalização em 2017, o que nos daria direito ao IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido. Isso é inviável."

Na noite de ontem, o governo anunciou aumento de 30 pontos porcentuais no IPI dos automóveis e caminhões que não cumprirem uma série de exigências. A medida vale até dezembro de 2012 e deve atingir principalmente os veículos importados de montadoras que não têm fábricas no Brasil.

Os veículos importados de montadoras não instaladas no Brasil que custam até R$ 60 mil representam 3,3% do total de veículos comercializados no mercado. "São esses carros que competem com os veículos produzidos no País. Um Jaguar, um Land Rover ou uma BMW não compete com o veículo nacional. Não somos nós, com 3,3% do mercado de veículos até R$ 60 mil, que estamos roubando empregos no Brasil", afirmou nesta sexta-feira, 16, José Luiz Gandini, presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). De acordo com a entidade, o total de carros importados pelas empresas associadas representam 5,8% de todos os carros comercializados no Brasil.

Segundo a medida, as montadoras que se enquadrarem nas exigências terão um desconto no IPI no mesmo patamar, ou seja, não serão afetadas pelo aumento do imposto. Entre as exigências mais importantes estão o uso de 65% de conteúdo nacional ou regional em 80% dos veículos produzidos no País, investimento equivalente a 0,5% da receita bruta descontada de impostos em pesquisa e desenvolvimento e cumprir pelo menos seis etapas de produção no País (como estamparia e pintura, por exemplo).

Carros importados do Mercosul e do México, regiões com as quais o Brasil mantém acordo de livre comércio, não serão afetados, já que são trazidos ao Brasil por montadoras que têm fábricas aqui.
Fonte: Agência Estado.

IPI maior para carros não fabricados no País já está valendo

Para modelos produzidos no Brasil, que devem provar conteúdo regional, prazo é de 45 dias

O aumento de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros não fabricados no Mercosul começou a ser cobrado nesta terça-feira, 16. A informação consta do Decreto 7.567, publicado no ‘Diário Oficial’.

Para os modelos fabricados no País, o prazo para eventual início da cobrança do aumento é de 45 dias, e não 60, como foi informado anteontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Esse é o prazo no qual o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior vai verificar se a montadora cumpre os requisitos exigidos pelo governo para livrá-las do aumento.

Para obter a habilitação definitiva e escapar da elevação do IPI, a montadora terá de fabricar veículos com, no mínimo, 65% de conteúdo regional médio; investir pelo menos 0,5% da receita bruta total de venda de bens e serviços em atividades de inovação, de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico de produto no País; e desenvolver 6 de 11 etapas em pelo menos 80% de sua produção de veículos no Brasil.

As autopeças originárias dos países membros do Mercosul serão consideradas produzidas no País para efeito de apuração do conteúdo regional. As montadoras deverão requerer a habilitação definitiva em até 30 dias.
Caso a empresa habilitada provisoriamente não cumpra os requisitos, terá de recolher retroativamente a diferença de IPI que deixou de ser pago nos 45 dias em que esteve habilitada provisoriamente. As montadores que não cumprirem os requisitos pagarão 30 pontos porcentuais a mais de IPI. As novas regras valem até 31 de dezembro de 2012.
O IPI para as empresas não habilitadas no regime automotivo ficará entre 37% e 55% para automóveis, 30% para caminhões e 34% para caminhonetes e comerciais leves. Atualmente, o IPI para automóveis varia de 7% a 25%, enquanto caminhões são isentos e caminhonetes e comerciais leves têm tributação de 4%.
Será criado um grupo de acompanhamento, com representantes dos Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia, para monitorar os impactos da medida.
Fonte: Agência Estado.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Inflação medida pelo IGP-10 triplica em setembro

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) mais do que triplicou entre agosto e setembro. Neste mês, o indicador subiu 0,63%, após avançar 0,20% em agosto, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (15) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa ficou dentro das previsões dos analistas do mercado financeiro ouvidos pela Agência Estado (de 0,59% para 0,77%) e abaixo da mediana das expectativas (0,65%).

Entre os três indicadores componentes do IGP-10, a maior alta foi verificada no Índice de Preços ao Atacado - 10 (IPA-10), que subiu 0,73% após avançar 0,26% em agosto. Em seguida está o Índice de Preços ao Consumidor - 10 (IPC-10), que apresentou alta de 0,58% em setembro, em comparação com a deflação de 0,03% no mês passado. O terceiro componente, o Índice Nacional de Custos da Construção - 10 (INCC-10) avançou 0,10% em setembro, contra aumento de 0,31% em agosto.

Até setembro, o índice acumula altas de 4,02% no ano e de 7,79% em 12 meses. O período de coleta de preços para o IGP-10 desse mês foi do dia 11 de agosto a 10 de setembro.
Fonte: Agência Estado.

Panamericano tem prejuízo de R$ 25,5 mi no 2º trimestre

O Banco Panamericano registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 25,54 milhões no segundo trimestre deste ano. A instituição não divulgou o comparativo com igual período de 2010. Nos primeiros três meses do ano o banco apresentou lucro de R$ 76,164 milhões.

Ao final de junho, o patrimônio líquido consolidado do banco era de R$ 1,345 bilhão, ante R$ 1,395 bilhão no final de março deste ano. Os ativos totais somavam R$ 12,014 bilhões ante R$ 13,378 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O banco registrou carteira total de crédito de R$ 10,142 bilhões, ante R$ 10,191 bilhões no final de março.

Ainda de acordo com o balanço do Panamericano, em 30 de junho deste ano, o Índice de Basileia do banco era de 12,44% (13,45% ao final de março).

O controle de Panamericano (51% do capital votante) foi vendido em janeiro deste ano pelo Grupo Silvio Santos ao BTG Pactual por R$ 450 milhões, após a descoberta, em novembro de 2010, de um rombo contábil de mais de R$ 4,3 bilhões e a instituição ser socorrida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). A Caixa Econômica Federal detém 49% do capital votante da instituição.
Fonte: Agência Estado.

Executivos do Panamericano agiram como ‘gângsters’, diz Silvio Santos

Empresário acusa Rafael Palladino de ser o principal culpado pelo rombo na instituição e afirma que nunca retirou dinheiro do banco

Senor Abravanel, na Polícia Federal, ao ser questionado sobre a fraude que desmantelou o Banco Panamericano, declarou. "Por uma dedução lógica, não é possível que Rafael não tenha sido o autor intelectual. Rafael é o camarada que faz ‘porque é assim que eu quero’. O craque é o Rafael. Por impressão, o Rafael é o intelectual".Rafael Palladino foi diretor superintendente e presidente do banco que pertenceu ao grupo do empresário e apresentador de TV Silvio Santos - Palladino foi seu braço direito, homem de confiança, por 20 anos.

Silvio, batizado Senor Abravanel, brasileiro, nascido aos 12 de dezembro de 1930, natural do Rio de Janeiro, segundo grau completo, profissão empresário, foi à Polícia Federal desacompanhado de advogados. Preferiu prestar contas sozinho sobre o caso, só ele e o delegado da PF que conduz o inquérito, Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin). Dia 5 ele depôs.

Seu relato preenche 7 páginas. Ao final, assumiu compromisso de comunicar à PF eventual mudança de endereço, comercial ou residencial, nos termos do artigo224 do Código de Processo Penal. Ao longo da audiência, na sede da PF em São Paulo, ele exibiu simpatia, amabilidade e sua marca tradicional, o sorriso.

Mas, em alguns momentos, alegou "surpresa" ou reagiu com "indignação" ao ser informado sobre os caminhos da trama bilionária que levou sua instituição financeiro à bancarrota. Por exemplo, quando a PF o indagou se era de seu conhecimento que o advogado Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno "sacava valores em espécie do banco e guardava no porta malas do carro". Silvio se declarou "indignado de saber desse fato, pois se trata de uma prática de um verdadeiro gangster". "(Bruno) era advogado do Panamericano e muito amigo do Palladino", disse Silvio. "As pessoas se referiam ao Bruno como o advogado do Rafael, e não o advogado do banco. Bruno seria um dos autores intelectuais, é um cara sabido, todo mundo diz que o Bruno é um cara vivo."

O depoimento de Silvio revela passo a passo a linha de investigação e as descobertas da PF ao longo de um ano de investigação. Todo o rol de perguntas a Silvio revela como grandes importâncias saíram do caixa do Panamericano e migraram para supostas empresas de fachada.

Segundo a PF, 12 personagens sob investigação realizaram 38 transferências que totalizaram R$ 76,92 milhões em três anos, 2008, 2009 e 2010. Para duas empresas controladas por Palladino, Max Control Assessoria e Investimentos e Max Control Evento e Promoção, foram repassados R$ 19,88 milhões, aponta a PF. "Nunca soube disso", afirmou Silvio.

"Quem administrava de fato o banco era o Palladino", disse o apresentador. "O Luiz Sebastião Sandoval supervisionava a gestão de Palladino. Não sei quanto a holding recebeu de dividendos do banco entre 2008 e 2010. Sandoval sempre me falava que não podia tirar nenhum valor do caixa da holding para pagamento de dividendos porque o banco estava sempre em risco e não poderia faltar caixa."

Silvio explicou que "o único pagamento" que recebeu pessoalmente naquele período foi o deduzido da compra do Hotel Sofitel Jequiti, no Guarujá. "Sandoval me disse que tinha direito a receber R$ 80 milhões a título de dividendos. Comprei o hotel, cujo preço era R$ 150 milhões, por R$ 70 milhões, já descontados os dividendos que me eram devidos."

Contou que foi chamado a uma reunião no Banco Central, final de setembro de 2010. Encontrou-se com Henrique Meirelles (então presidente do BC) e "quatro ou cinco diretores". "O chefe da fiscalização do BC disse que a situação era grave e que o valor do rombo não era de R$ 1,1 bilhão e sim de R$ 1,6 bilhão. Ele disse que iriam liquidar o banco e que eu deveria procurar o Antônio Carlos, chefe do Fundo Garantidor. Quando fui falar com Antônio Carlos disseram que o rombo era de R$ 2,5 bilhões."

Segundo Silvio, o Fundo "queria evitar que a ruptura do Panamericano ocasionasse violenta de confiança no sistema financeiro". Viajou para Orlando (EUA) e, ao retornar, o chefe do Fundo informou que o valor da dívida "não era mais de R$ 2,5 bilhões, e sim de R$ 4,3 bilhões". "Antônio Carlos perguntou se eu venderia o banco, ele disse que André Esteves, do BTG, teria interesse em comprar por R$ 450 milhões. Vendi o banco para o BGT."
Fonte: Agência Estado.
Executivos do Panamericano agiram como ‘gângsters’, diz Silvio Santos

Empresário acusa Rafael Palladino de ser o principal culpado pelo rombo na instituição e afirma que nunca retirou dinheiro do banco

Senor Abravanel, na Polícia Federal, ao ser questionado sobre a fraude que desmantelou o Banco Panamericano, declarou. "Por uma dedução lógica, não é possível que Rafael não tenha sido o autor intelectual. Rafael é o camarada que faz ‘porque é assim que eu quero’. O craque é o Rafael. Por impressão, o Rafael é o intelectual".Rafael Palladino foi diretor superintendente e presidente do banco que pertenceu ao grupo do empresário e apresentador de TV Silvio Santos - Palladino foi seu braço direito, homem de confiança, por 20 anos.

Silvio, batizado Senor Abravanel, brasileiro, nascido aos 12 de dezembro de 1930, natural do Rio de Janeiro, segundo grau completo, profissão empresário, foi à Polícia Federal desacompanhado de advogados. Preferiu prestar contas sozinho sobre o caso, só ele e o delegado da PF que conduz o inquérito, Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin). Dia 5 ele depôs.

Seu relato preenche 7 páginas. Ao final, assumiu compromisso de comunicar à PF eventual mudança de endereço, comercial ou residencial, nos termos do artigo224 do Código de Processo Penal. Ao longo da audiência, na sede da PF em São Paulo, ele exibiu simpatia, amabilidade e sua marca tradicional, o sorriso.

Mas, em alguns momentos, alegou "surpresa" ou reagiu com "indignação" ao ser informado sobre os caminhos da trama bilionária que levou sua instituição financeiro à bancarrota. Por exemplo, quando a PF o indagou se era de seu conhecimento que o advogado Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno "sacava valores em espécie do banco e guardava no porta malas do carro". Silvio se declarou "indignado de saber desse fato, pois se trata de uma prática de um verdadeiro gangster". "(Bruno) era advogado do Panamericano e muito amigo do Palladino", disse Silvio. "As pessoas se referiam ao Bruno como o advogado do Rafael, e não o advogado do banco. Bruno seria um dos autores intelectuais, é um cara sabido, todo mundo diz que o Bruno é um cara vivo."

O depoimento de Silvio revela passo a passo a linha de investigação e as descobertas da PF ao longo de um ano de investigação. Todo o rol de perguntas a Silvio revela como grandes importâncias saíram do caixa do Panamericano e migraram para supostas empresas de fachada.

Segundo a PF, 12 personagens sob investigação realizaram 38 transferências que totalizaram R$ 76,92 milhões em três anos, 2008, 2009 e 2010. Para duas empresas controladas por Palladino, Max Control Assessoria e Investimentos e Max Control Evento e Promoção, foram repassados R$ 19,88 milhões, aponta a PF. "Nunca soube disso", afirmou Silvio.

"Quem administrava de fato o banco era o Palladino", disse o apresentador. "O Luiz Sebastião Sandoval supervisionava a gestão de Palladino. Não sei quanto a holding recebeu de dividendos do banco entre 2008 e 2010. Sandoval sempre me falava que não podia tirar nenhum valor do caixa da holding para pagamento de dividendos porque o banco estava sempre em risco e não poderia faltar caixa."

Silvio explicou que "o único pagamento" que recebeu pessoalmente naquele período foi o deduzido da compra do Hotel Sofitel Jequiti, no Guarujá. "Sandoval me disse que tinha direito a receber R$ 80 milhões a título de dividendos. Comprei o hotel, cujo preço era R$ 150 milhões, por R$ 70 milhões, já descontados os dividendos que me eram devidos."

Contou que foi chamado a uma reunião no Banco Central, final de setembro de 2010. Encontrou-se com Henrique Meirelles (então presidente do BC) e "quatro ou cinco diretores". "O chefe da fiscalização do BC disse que a situação era grave e que o valor do rombo não era de R$ 1,1 bilhão e sim de R$ 1,6 bilhão. Ele disse que iriam liquidar o banco e que eu deveria procurar o Antônio Carlos, chefe do Fundo Garantidor. Quando fui falar com Antônio Carlos disseram que o rombo era de R$ 2,5 bilhões."

Segundo Silvio, o Fundo "queria evitar que a ruptura do Panamericano ocasionasse violenta de confiança no sistema financeiro". Viajou para Orlando (EUA) e, ao retornar, o chefe do Fundo informou que o valor da dívida "não era mais de R$ 2,5 bilhões, e sim de R$ 4,3 bilhões". "Antônio Carlos perguntou se eu venderia o banco, ele disse que André Esteves, do BTG, teria interesse em comprar por R$ 450 milhões. Vendi o banco para o BGT."
Fonte: Agência Estado.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Henry Mintzberg critica "fórmulas prontas" do planejamento estratégico

Considerado um dos autores mais produtivos da Administração na atualidade – com 16 livros publicados até agora, quase todos considerados referência na área – o professor canadense não demonstra sinais de exaustão intelectual e pretende implementar em vários países, inclusive no Brasil, o programa CoachingOurselves, desenvolvido em parceria com Phil LeNir

Um dos pensadores contemporâneos mais respeitados da Administração, crítico da maneira de pensar o planejamento estratégico, das propostas de muitos estudiosos intitulados "gurus" e também de seus próprios posicionamentos. Em entrevista exclusiva à revista Administradores nº5, Henry Mintzberg demonstra ser, antes de tudo, um entusiasta da dialética, da revisão de conceitos e da transformação constante das pessoas e organizações.

Conhecido pela sua análise conceitual sobre estratégia e planejamento estratégico na Administração – expressa em livros como "Safári da Estratégia" e "Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico" – ele defende suas teorias baseadas no aprendizado e nas experiências profissionais. "É um processo pelo qual, muitas pessoas na organização – e não apenas a cúpula – aprendem o caminho para novas direções", afirma.

Administradores - Na última edição da revista Administradores, entrevistamos professores universitários de todo o Brasil para descobrir que pesquisador da atualidade poderia ser considerado o sucessor de Peter Drucker e o nome mais citado foi o seu. Como você encara esse resultado? Existe alguma semelhança ou alinhamento entre suas ideias e as de Peter Drucker?

Mintzberg - Não. Mas eu vou pressupor que essa pergunta é mais sobre a importância de Drucker como um autor de gestão do que em relação às ideias e práticas gerenciais defendidas por ele. Eu acho que há algumas semelhanças entre o que eu faço e o que ele fez, mas acredito que o que eu faço é muito diferente – porém, de certa, forma similar.

Eu creio que ambos sempre fomos críticos dos "padrões", pessoas que contrariam o senso comum – exceto em relação à prática gerencial. Contudo, o método de Drucker se tornou bastante "padrão" em alguns aspectos. Assim, muitas vezes, eu sou, implicitamente, um crítico dele. Por exemplo, eu não sou nem um pouco fã da cultura corporativa de "mensuração". Penso que a mesma é exagerada, com foco excessivo sobre o valor do acionista, o bônus dos executivos, a gestão por objetivos, os sistemas de controle nas organizações – e Drucker foi realmente quem promoveu a gestão por objetivos.

Se você estiver procurando por um link, eu acho que é mais uma ligação entre a minha abordagem e a dos brasileiros. Nesse aspecto, considero que sou muito mais "brasileiro" do que Drucker, e muito, mas muito mais "brasileiro" do que Michael Porter. A propósito, eu nunca seria o primeiro nos Estados Unidos (referindo-se à posição dele mesmo na pesquisa), Porter estaria muito à frente de mim, no sentido de que eu acredito ser um tipo de pessoa "Por que não?" em vez de "Por quê?".

Em outras palavras, sou alguém que não diria "Por que deveríamos fazer isso?", mas sim "Por que não? Vamos tentar algo novo, boa ideia!". E, pelo que eu sei, essa é, a meu ver, uma das características mais proeminentes da personalidade dos brasileiros. Então, sou muito mais alinhado ao aprendizado a partir de "dentro" (learning from within), ligado à prática (ground up), baseado na comunidade (community based), a favor da horizontalização (não-hierárquica) e suspeito da liderança (suspect of leadership). E eu acho que, intrinsecamente, isso tudo é muito "brasileiro".

O planejamento estratégico continua a ser um tema central nas escolas de Administração e MBAs, mas é ministrado de uma forma puramente instrumental, como uma receita de bolo. Como você avalia isso?

O planejamento estratégico é um termo que pode ser usado para descrever qualquer coisa. Você pode ter uma discussão sobre estratégia na faculdade e isso pode ser chamado de planejamento estratégico. Minha preocupação é que isso tudo se torne uma fórmula e, assim, converta-se algo extremamente burocrático.

Eu meio que critiquei esse assunto de forma um pouco exagerada, mas não tanto que ninguém nunca tenha desenvolvido uma técnica instintiva para o planejamento estratégico. Eu tenho certeza de que existem exceções, mas a estratégia, para mim, é aprendizagem, e não planejamento. É um processo pelo qual muitas pessoas na organização – e não apenas a cúpula – aprendem o caminho para novas direções. Planejar significa que você pode se sentar e criar uma fórmula. Porém, estratégias não saem assim, como milagre. Elas são aprendidas quando se tem um alvo, quando as pessoas precisam resolver problemas.

Então, eu não sou um fã deste tipo de abordagem "receita de bolo" para a estratégia, baseada em fórmulas. A propósito, eu acho que os brasileiros são pessoas muito mais orientadas ao aprendizado do que ao planejamento. Uma mulher brasileira que conheci em Montreal disse: "aqui, quando saímos para jantar, temos que planejar o cartão de crédito que iremos utilizar, o restaurante aonde vamos, o filme, o carro que vai ser usado. No Brasil, a gente se reúne e, quando chegamos lá, decidimos o que fazer".

Nos últimos dez anos, nota-se uma verdadeira explosão dos cursos de MBA. Você já se opôs repetidas vezes a esses cursos com considerações duras. Qual é a sua maior crítica aos MBAs?

Deixe-me apenas falar para vocês sobre o que todos esses cursos vêm fazendo. Mas, em primeiro lugar, permita-me dizer algumas coisas. Um: você não pode criar um gestor em sala de aula. Colocar jovens numa escola e fingir que está transformando-os em gestores é perigoso porque eles pensam que, ao saírem dos MBAs, serão capazes de gerir organizações. No entanto, o que eles aprendem é, unicamente, a analisar funções administrativas, como marketing e finanças. Assim, MBAs são excelentes para ensinar exatamente isso – que, porém, não é gestão. Ela se vale dessas ferramentas, mas é muito, mas muito mais do que análise de funções administrativas.

Então, os estudantes saem desses cursos pensando que sabem como administrar uma organização, o que é arriscado, pois o que eles sabem fazer é análise. O desenvolvimento gerencial legítimo deve ser focado em gestores de verdade. O segundo ponto é que se deve concentrar na utilização da experiência sobre a gestão para reflexão pessoal e em grupo. Assim, o profissional deve aprender com sua própria vivência, pensando sobre ela, e compartilhando-a com os colegas. É aprender uns com os outros em grande parte, não apenas com os professores.

Na década de 1970, você teorizou que os gerentes possuíam dez papéis dentro de uma empresa: monitor, disseminador, porta-voz, representante, líder, intercomunicador, empreendedor, apaziguador e alocador de recursos. Como você avalia as funções do administrador na atualidade? Considerando o surgimento de novas tecnologias, houve alguma mudança ou variação nas responsabilidades dos gestores ao longo do tempo?

Eu não acho que os papeis mudaram por causa das novas tecnologias. Penso que gestão é gestão. Não é uma profissão nem uma ciência, mas uma prática, e eu não acredito que ela tenha se transformado fundamentalmente. A modificação que eu aceitaria não é sobre as funções, mas em relação às pressões e características do gerenciamento.

Eu afirmo que a gestão é muito afetada pelas constantes interrupções, as várias pequenas tarefas do dia, todas essas coisas que a tornam caótica, a orientação para a ação, etc. Eu acho que o e-mail, particularmente, tem exacerbado, em muitos casos, essas características caóticas da gestão. Ele empurra os gestores ao limite, fazendo com que percam o controle do que está acontecendo na organização, pois chegou ao extremo de um tão prazo curto que, às vezes, é uma gestão focada nos minutos.

O que mudou dos anos 1970 para cá fui eu. No meu livro de 2009, "Managing: Desvendando o Dia a Dia da Gestão", eu descrevo os papeis de forma diferente – não porque eles mudaram, todos estão lá, de certa forma – mas porque a minha maneira de colocá-los juntos mudou. Então, agora, eu entendo que a gestão está acontecendo em três planos: informação, ação e pessoas. Assim, os gestores processam informações, se comunicam, controlam ao mesmo tempo em que lidam com pessoas, constroem networks do lado de fora e lideram dentro da organização. Já os gerentes se envolvem com a ação, pois eles administram projetos, apagam incêndios, negociam contratos...

Você repetidamente critica o atual modelo liderança, apoiando a redução máxima de líderes dentro das empresas. Qual é a sua proposta em relação a isso?

Eu não diria a "máxima redução dos líderes". Eu não creio que a liderança não é importante. Para mim, liderança e gestão não podem ser separadas, pois são intrinsecamente ligadas uma a outra. Acredito que os gestores que não lideram são chatos e desanimadores. Por outro lado, os líderes que não gerenciam não sabem o que está acontecendo.

Os gestores desses bancos e companhias de seguros em Nova York que compraram essas hipotecas "podres" não estavam gerenciando no sentido conceitual da palavra. Ou eles sabiam o que estava acontecendo – e não se preocuparam com as consequências (portanto, não estavam gerenciando) – ou faziam de conta que não sabiam o que se passava.

Muitas vezes, o típico "líder heróico" não se preocupa com os efeitos a longo prazo, apenas com os resultados imediatos para atender às demandas de Wall Street. Eu tenho certeza de que tenho sido um tanto óbvio, mas eles apostaram suas empresas inteiras nestas hipotecas "podres". Portanto, a liderança e a gestão têm que estar contidas nas mesmas pessoas. Você pode distinguir em um sentido que liderança é em relação a energizar, motivar as pessoas e tudo mais, mas eu não acho que você pode separar a liderança da gestão.

Bons líderes estão no cotidiano da empresa, em contato com os clientes, o mercado e seus colaboradores. Eles sabem o que está acontecendo, não estão microgerenciando nem se metendo nos assuntos dos seus gestores subordinados. Eles simplesmente estão na operação, porque você não desenvolve estratégias simplesmente sentando no ar; você precisa estar no chão, intervindo no dia a dia da empresa.

A burocratização e os procedimentos lentos estão diretamente relacionados a esse tipo específico de liderança ou à quantidade desse tipo de líder?

Sim, significativamente. Estamos de volta à gestão por objetivos de Drucker, o que eu chamo de "gestão à base de ordens e julgamento". Você senta em um escritório e considera que as pessoas abaixo de você na hierarquia irão produzir e entregar os resultados, bastando apenas ouvir as ordens divinas do superior máximo da organização. Então, você se senta na sua cadeira e diz: "você vai aumentar as vendas em 10% ou eu vou demiti-lo no próximo ano", "você vai cortar custos em 15%", ou "você irá demitir cinco mil funcionários", "minha neta, que tem seis anos, poderia fazer isso".

Não é preciso um grande gênio para se sentar ali e disparar os números para as pessoas, dizendo "isso é problema seu". Essa é uma dispensa total do processo natural de estratégia e as pessoas precisam começar a colocar as mãos na massa até que saibam o que está acontecendo, para então poder atacar e resolver os problemas.

Outra crítica incisiva que você faz constantemente é ao termo "Recursos Humanos", o qual você acredita que é degradante e uma maneira humilhante de se referir às pessoas nas empresas. O que você sugere em relação a isso? Como as empresas devem tratar seus colaboradores?

Bem, antes de tudo, as empresas não deviam chamar as pessoas de "Recursos Humanos" porque elas são seres humanos. Então, você começa a tratar as pessoas como seres humanos, não como bens, objetos, manipulando-as descaradamente ao bel prazer da empresa, como se não estivesse lidando com vida.

As pessoas têm as suas próprias necessidades e desejos, querem contribuir e se sentir parte da empresa. Logo, a maneira de tratá-las adequadamente é construindo o empreendimento como uma comunidade. Assim, os colaboradores vão se sentir realmente engajados ao invés de se sentirem ameaçados, como se fossem ser demitidos amanhã.

Um exemplo disso é o que aconteceu nas companhias americanas, sendo muitas delas destruídas. Elas simplesmente demitiram pessoas casualmente. As empresas ainda eram extremamente rentáveis, mas – ao não atingir os números de Wall Street, os resultados que eram esperados – elas demitiram sumariamente os funcionários, jogando-os porta afora.

O CoachingOurselves – programa de desenvolvimento gerencial que foi desenvolvido por você e Phil LeNir – tem parceria com várias empresas ao redor do mundo e, recentemente, chegou ao Brasil. Qual é a proposta do projeto e seu público-alvo?

No Brasil, nós estamos fazendo algumas outras coisas, diferente do que estamos fazendo em outros países. Por exemplo, a parceria é com um grupo editorial – um dos líderes do mercado, o Grupo A – que está combinando o CoachingOurselves com meus livros, utilizando sua reputação no mercado. Eu aposto que as pessoas são muito receptivas a esse método revolucionário de desenvolvimento gerencial. Bem, pelo menos uma das empresas que está estudando a implementação do CoachingOurselves – a qual eu tive a oportunidade de conhecer pessoalmente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – está muito entusiasmada com os frutos possíveis da execução do programa.

Dessa forma, estamos muito orgulhosos pela forma com que o CoachingOurselves está se desenvolvendo no Brasil e, francamente, nós pensamos que o projeto se encaixa perfeitamente na mentalidade brasileira. É uma iniciativa provavelmente melhor do que qualquer coisa que já pude ver em qualquer outro programa de desenvolvimento gerencial, porque é sobre o desenvolvimento do "senso de comunidade" nas organizações.

As pessoas se agarram na esperança de mudar, tomando iniciativa, tendo ideias instintivamente, trabalhando socialmente em pequenos grupos – o que chamamos de aprendizagem social (social learning). Por exemplo, a Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, disse que precisa desenvolver mais as habilidades de gestão no país, um cenário absolutamente perfeito para o CoachingOurselves, porque: a) é totalmente alinhado à natureza dos brasileiros e, b) é o mais escalável programa de desenvolvimento gerencial com custo acessível, concebível, porque as pessoas se reúnem em pequenos grupos em seus próprios locais de trabalho. Assim, poderíamos ter milhões de brasileiros fazendo isso dentro de poucos meses porque é muito simples de se implementar e de se trabalhar em escala.

Entretanto, há um perigo nesse fato porque a última coisa que o Brasil deve fazer agora é a cópia da gestão americana. É difícil para as pessoas entenderem que a Administração americana não é mais o "padrão-ouro" a ser copiado ou a se inspirar. Os americanos se perderam no sentido de se focarem nas questões erradas, principalmente no que se refere ao descaso da verdadeira gestão. A crise recente nos EUA não é uma crise econômico-financeira, mas uma crise de gestão. Um lote de grandes bancos e companhias de seguros são horrivelmente administrados. E muitos outros tipos de empresas americanas são horrivelmente administradas. Portanto, se Obama quer sair desta crise é melhor que ele foque sua atenção para a gestão, se livrando de todos os economistas que estão "aconselhando-o".

Qual é a sua visão da gestão brasileira, seja no meio acadêmico ou profissional? Em que ponto você acha que precisamos melhorar?

Eu acho que está pedindo mais do que eu poderia responder, porque eu não sou um especialista em gestão brasileira. Eu vejo as empresas, as coisas acontecerem e meio que tenho um senso dos brasileiros – não muito profundo, mas de certa forma – mas eu realmente não posso falar acerca de empresas brasileiras ou das práticas defendidas pelos acadêmicos de gestão brasileiros.

Mas do que você ouve falar, qual é a sua impressão, uma opinião, não uma análise mais profunda?

As impressões que tenho não são muito relativas às atividades empresariais por assim dizer, mas em relação às iniciativas sociais. Acabei de fazer um artigo científico com um estudante de doutorado brasileiro que trabalha comigo, Guilherme Azevedo, e é sobre isso, iniciativas sociais ao estilo "Por que não?" no Brasil.

Se você olhar para as experiências no tratamento de portadores de HIV, na produção de etanol, no Bolsa Família, verá que são vários tipos de iniciativas interessantes, que oferecem uma visão muito agradável do setor social e também dão uma ideia do dinamismo do setor privado por causa desta natureza do povo brasileiro – muitas vezes em parceria com as empresas, como é o caso do etanol.

O Carnaval no Rio é outro exemplo interessante da gestão comunitária brasileira porque não começou com as autoridades ou com a iniciativa privada; iniciou-se com as pessoas, a comunidade, mas agora é um grande negócio porque, naturalmente, tem muito dinheiro envolvido, serviços turísticos e tudo o mais. Enfim, é um negócio fascinante.

Muitos jovens e futuros administradores vão ler essa entrevista e extrair algumas conclusões a partir dela. Que mensagem você gostaria de transmitir para eles?

Para aprender a partir de suas próprias experiências. A coisa mais poderosa que eles podem fazer é aprender com sua própria experiência e com a de outras pessoas. Nossos programas, como o IMPM e o CoachingOurselves, são todos belos exemplos de verdadeiros gestores que estão se desenvolvendo a partir do princípio de aprendizagem a partir de sua própria experiência.

*Bruno Weiblen - é gerente de novos negócios do Grupo A, empresa que engloba várias editoras e diversas plataformas de distribuição de informação técnica, científica e profissional.
Fonte: Administradores.com.br

domingo, 11 de setembro de 2011

Brasil pode ter juro de um dígito em 2012

Bancos refazem cálculos com os modelos de previsão do BC e chegam a inacreditáveis 5%

Apesar das críticas ao Copom, comandado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, mercado analisa projeções
Resignado com o novo comportamento do Banco Central, o mercado refez cálculos e ampliou a percepção que o Brasil pode voltar a ter juro de um dígito em breve. Usando modelos de previsão semelhantes aos adotados pelo Comitê de Política Monetária (Copom), alguns economistas preveem Selic abaixo de 10% no início de 2012. E, se a crise externa piorar muito, a taxa poderia cair rapidamente para perto de 5%.

Mesmo sem terem sido convencidos pelas explicações para o corte do juro, analistas passaram os últimos dias refazendo contas para entender o que deve acontecer com a economia comandada por esse "novo BC". Nesse cálculo, foi preciso aumentar a dose da influência da crise global, colocar uma porção da promessa do governo de rigor com os gastos, além de incluir uma inédita pitada de ousadia do BC. Feitas as contas, alguns resultados causam espanto.

Uma das estimativas mais surpreendentes é a do banco Credit Suisse, de que a Selic deve cair de 12% para 9% em dezembro - 1,5 ponto a cada uma das duas próximas reuniões, em outubro e novembro. O corte continuaria em janeiro de 2012, quando o juro recuaria para 8,5%.

"Assumindo que a avaliação do Copom sobre o cenário global seja confirmada, mantemos a leitura que a resposta de política monetária mais adequada seria a de implementar um corte de juros expressivo de forma acelerada", diz o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira, em relatório. Estimativas como essas ainda são minoria no mercado, dominado por previsões que a Selic deve ficar entre 10% e 11% na virada do ano.

A hipótese de redução mais forte presume inflação mais próxima de 6,5% para favorecer o crescimento da economia. E avança no mesmo ritmo em que piora o quadro internacional. Na ata, o BC explica que cortou o juro para reagir ao efeito da turbulência externa, que já equivale a um quarto da crise de 2008. O raciocínio dos analistas é: se piora a tensão na Europa e nos EUA, será preciso uma resposta mais forte, um corte maior do juro.

Na LCA Consultores, o economista-chefe Braulio Borges estima que a possibilidade de o Brasil ter juro de um dígito no início de 2012 é de um terço, mas tende a crescer. "Se houver calote na Grécia ou se a resistência alemã em ajudar outros países ganhar força, a hipótese aumenta bastante."

Estudioso dos modelos de previsão usados pelo BC, o professor de economia da USP Fabio Kanczuk admite que ficou impressionado com o resultado da projeção feita para o juro caso os problemas externos piorem. "Se o Brasil sofrer o mesmo baque, seria preciso derrubar o juro para cerca de 5% para impedir uma depressão profunda da economia. É impressionante", diz ele.

Mercado. Um BC mais imprevisível e disposto a correr riscos ganhou forma depois da surpreendente decisão de reduzir a Selic em 0,5 ponto porcentual. O ambiente de incerteza no mercado global e as dificuldades fiscais nos países da zona do euro, a estagnação da economia dos EUA e a fase aguda da crise na Grécia fundamentaram a decisão da diretoria do BC, mas desnortearam economistas e analistas.

Essa dificuldade pode ser evidenciada no descompasso entre a grita do mercado contra a decisão do BC e as apostas no mercado futuro. Os juros com vencimento em 2021 estão com taxas em torno de 11,25% e 11,3%, nível bem inferior aos de antes da decisão do Copom, quando giravam em 12,4% e 12,6%. Para integrantes do governo, esse seria um sinal que o mercado teria "comprado" a aposta que o juro real cairá mais do que a inflação vai subir.

Queda

11,3% é a taxa para os juros no mercado futuro com vencimento para 2021

12,6% era a mesma taxa há cerca de dez dias, antes da decisão do Copom de reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual
Fonte: Agência Estado.

Indústria no Brasil parou de crescer há 3 anos

Desde julho de 2008, a indústria cresceu apenas 1%, refletindo problemas como câmbio, custo Brasil e perda de espaço na economia

A indústria de transformação brasileira parou de crescer há três anos, freada pelo câmbio valorizado, pelo custo Brasil e pelo excesso de oferta mundial. Desde julho de 2008, logo antes do início da crise global, praticamente não houve crescimento da produção de manufaturados nem do nível de emprego no setor. Pelos números do PIB, a expansão da indústria de transformação de julho de 2008 a julho de 2011 foi de apenas 1%, comparada a 7,8% para a construção civil e 10,5% para os serviços.

A pressão sobre a indústria fica clara na migração de fábricas de empresas nacionais para o exterior, como na recente decisão da Paquetá Calçados de transferir a unidade exportadora de Sapiranga (RS) para a República Dominicana.

A desaceleração do PIB do segundo trimestre para 0,8% (3,2% em ritmo anualizado) ante os três primeiros meses do ano, na série sem influências sazonais, teve como freio principal a quase paralisia da indústria. O ritmo foi de apenas 0,2% (0,8% anualizado).

No setor industrial, porém, o item que de fato segurou o crescimento foi a indústria de transformação, com expansão nula. A transformação corresponde a 62% da indústria, e abarca todas as manufaturas. Não fazem parte da indústria de transformação o segmento extrativo-mineral, a construção civil e eletricidade, água, esgoto e limpeza urbana.

A fraqueza da indústria de transformação também fica clara no fato de que o seu nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) pode cair abaixo da média histórica nos próximos meses, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Todo esse quadro de enfraquecimento industrial pesou na decisão do Banco Central de cortar a taxa básica, a Selic, em 0,5 ponto porcentual, para 12%, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Mas o fato de que a paralisia já dura três anos leva alguns economistas a defender a ideia de que o problema na indústria não é conjuntural, mas sim estrutural. Nessa visão, a indústria está perdendo peso relativo dentro da economia, atingida por uma combinação de fatores que favorece a agricultura, as matérias-primas e o setor de serviços.

"A indústria da transformação hoje está no nível de três anos atrás e a inflação está fortíssima; não dá mais para fazer um diagnóstico da inflação olhando a indústria", diz Samuel Pessôa, economista da consultoria Tendências. O câmbio valorizado é apontado consensualmente como a principal causa da estagnação na indústria, ao atrair a competição importada e dificultar as exportações. A desvalorização desde junho, de 8,4%, de R$ 1,54 por dólar para R$ 1,68, é um pequeno alento, mas ainda está muito longe de resolver o problema de competitividade da indústria.

Em termos de quantidades, o Brasil exporta hoje menos produtos manufaturados do que em 2008, segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). A queda, comparando o primeiro semestre de cada ano, é de 17%.

Já a participação da indústria de transformação no total exportado caiu, entre 2008 e o primeiro semestre de 2011, duas vezes mais que entre 2002 e 2008, em pontos porcentuais. Dessa forma, a proporção era de 80% em 2002, 70% em 2008 e 50% no primeiro trimestre de 2011.
Fonte: Agência Estado.