domingo, 29 de maio de 2011

Estresse no trabalho atinge 100% dos brasileiros. Quer saber como evitá-lo?

O estudo da Robert Half aponta que 60% dos profissionais acreditam que o ambiente de trabalho e a fofoca entre colegas são os principais fatores que geram o problema

Estresse, obesidade e depressão: rotina desgastante e ociosidade comprometem saúde de profissionais

Carreiras: como fazer para vencer o aumento do nível de estresse?
Sobrecarga de trabalho é o principal motivo de estresse entre as mulheresNão é de hoje que o estresse é apontado como um dos grandes males dos nosso século. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo e cada vez mais rápido, de fato, é difícil acompanhar tudo. Ainda assim, quando se trata de trabalho, as exigências só crescem. E, para fechar esse círculo que envolve pressão, exigências cada vez maiores, mercado competitivo e velocidade está o estresse.

É fácil encontrar um profissional que, por algum momento, afirmou que sentiu estresse. No Brasil, segundo pesquisa realizada pela Robert Half, todos os profissionais consultados disseram que estão estressados no trabalho. O estudo ouviu 2.525 executivos em dez países e apontou que 80% dos participantes de países como Áustria, República Checa e Dubai possuem estresse.

“Quando a pessoa vivencia uma situação de estresse, ela tende a achar que é pressionada o tempo todo. Sente-se sempre cobrada, de tal forma que, na maioria das vezes, nem consegue diferenciar o que é estresse e o que é cobrança”, explica o presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), Aberto Ogata.

O estresse é considerado por muitos, como Ogata, uma doença, com prejuízos para além do ambiente corporativo. “O estresse gera um aumento na adrenalina, prejudica a concentração, piora o desempenho e causa problemas de saúde”, afirma o presidente executivo do Insadi (Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual), Dieter Kelber.

Apesar de um ambiente de trabalho no qual se exige cada vez mais profissionais multitarefa, não é apenas isso que gera o estresse. Os especialistas concordam que existem profissionais que se dão muito bem com esse ambiente. Outros não. “São inúmeras as fontes de estresse e estas passam por diferentes ordens, que podem ir desde fatores relacionados à organização e processos do trabalho, até os fatores ambientais e relacionais”, explica Ogata. “A doença é multifatorial e não existe uma causa única. Temos de ver o indivíduo dentro de um contexto mais amplo”.

O cenário favorável

O contexto do profissional é que influenciará o surgimento do estresse. A consultora da Search RH Consultoria em Recursos Humanos, Fabiana Goes, explica que alguns comportamentos do próprio profissional podem favorecer a doença. “Trabalhar muitas horas por dia e passar muito tempo longe da família faz com que o profissional tende a ter mais estresse”, afirma a consultora.

O estudo da Robert Half aponta que 60% dos profissionais acreditam que o ambiente de trabalho e a fofoca entre colegas são os principais fatores que geram o estresse. Para as mulheres, esses fatores têm um peso maior, de 66% contra 49% dos homens. O aumento da carga de trabalho é o segundo fator que gera estresse para 47% dos brasileiros. Pressões do chefe consideradas desnecessárias foram indicadas por 44% dos profissionais como fator gerador de estresse.

Fabiana ainda aponta outros motivos como a incompatibilidade dos valores do profissional com os da empresa. “Por isso, é importante conhecer o lugar onde você vai trabalhar e entender um pouco da cultura organizacional”, afirma a consultora. Kelber completa a lista de fatores com possíveis desentendimentos com a liderança. E ressalta que o excesso de ansiedade também provoca a doença.

Esses comportamentos, explica Ogata, devem ser evitados, a fim de não criar um cenário favorável para a doença. “É importante que as pessoas consigam se afastar da tensão que o problema traz e foquem as energias na direção das alternativas de solução. Assim, elas passam a ter uma atitude mais positiva e resolutiva diante da dificuldade”, explica.

Um olhar sobre os problemas

Entender se o que está sentindo é estresse ou puro cansaço não é tão simples. Tanto é que a analista de research Fernanda Oliveira, 27, não entende por que há algumas semanas seu médico diagnosticou um estado de estresse. “Não entendo o motivo, porque não trabalho além do meu horário, nem sob muita pressão, gosto do que faço e ganho relativamente bem”, conta.

Ela conta que seu sono é um pouco agitado e que tem dores de cabeça crônicas há três anos. Por enquanto, Fernanda se concentrará nos esportes para tentar resolver um problema que ela não enxerga. “Terapia eu não procuro, porque não sou muito fã. Vou procurar um esporte mesmo”, diz.

Fernanda pode não enxergar o problema, mas ele pode existir, ainda que de maneira mais contida. Ogata explica que dores de cabeça constantes e distúrbios do sono são alguns dos sintomas da doença. Outros são alteração de humor, irritabilidade, depressão, alergias, tonturas, náuseas e mal estar. No extremo, o estresse pode provocar doenças no aparelho digestivo e até disfunções sexuais.

Busque alternativas

Kelber ressalta que, muitas vezes, o profissional não enxerga mesmo que está com estresse. “Você quer saber se está com estresse? Pegunte a um amigo”, diz o especialista. Ao contrário do que muitos acreditam, livrar-se do estresse é mais simples do que se pensa. “As pessoas geralmente acham que precisam fazer grandes mudanças em suas rotinas, para ter mais qualidade de vida”, explica Ogata.

Para manter esse equilíbrio, o presidente da ABQV dá dicas que podem ajudar no trabalho e na vida pessoal:

■Busque entender de forma clara as expectativas dos seus superiores. Para isso, desenvolva a assertividade e capacidade de comunicação;
■Equilibre o seu estilo de vida. Você precisa de tempo para manter seus relacionamentos, ter um sono repousante, praticar atividade física e ter tempo para o lazer;
■Mantenha o otimismo. Avalie seu estado de espírito e procure ver as coisas sob uma perspectiva positiva;
■Desenvolva mais as habilidades de delegar tarefas aos subordinados, priorizar e focar naquilo que realmente importa;
■Aprimore o seu planejamento diário. Evite desperdício de tempo com reuniões inúteis e improdutivas;
■Cuide-se bem. Busque o equilíbrio entre mente, corpo e espírito. Uma alimentação saudável é fundamental.
■Liste os fatores de estresse em sua vida, reconheça-os e mantenha-os no nível consciente.
■Procure desacelerar o pensamento negativo.
■Mantenha o equilíbrio emocional.
Fonte: Administradores.com.br

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Renda familiar per capita pode aumentar 3,5% ao ano

Estudo da Fecomércio-RS projeta que 70% dos gaúchos pertencerão à classe C em 2020

Em 2020, quase 70% dos gaúchos pertencerão à classe C, com renda para gastar em produtos diferentes, valorizar bens duráveis e adquirir mais serviços.

A estimativa é do estudo O Novo Cenário Socioeconômico e seu Impacto sobre os Negócios, divulgado na terça-feira pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS), com projeções sobre o consumidor gaúcho e os setores envolvidos ao longo da próxima década.

Elaborada a partir de dados do IBGE, a projeção da Fecomércio-RS aponta uma mudança na pirâmide social do Estado. A renda familiar per capita no Rio Grande do Sul deve aumentar, em média, 3,5% ao ano.

Com a ascensão da faixa mais pobre, em 2013, as classes A e B somadas já serão mais volumosas do que as D e E juntas. Abrangendo 7,8 milhões de gaúchos, a classe C deverá representar 68% dos habitantes do Estado — em 2010, eram 61%, e em 2001, 51%. Assim, em 2020 as classes A, B e C terão praticamente a totalidade do poder de compra das famílias gaúchas.

— Essas pessoas terão acesso a categorias de produto que antes não podiam comprar. O que se reflete, a curto prazo, é a aquisição de marcas líderes e o aumento da inserção no mundo digital. O objeto de desejo hoje é um smartphone, mas em 2020, será outro — afirma o consultor e professor de marketing da ESPM Genaro Galli.
Fonte: Zero Hora.

Domésticas - profissão em extinção?

Para muitos, a profissão de empregadas domésticas está em extinção. Os dados não dizem isso, mas há muita transformação em andamento. Segundo informam as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads), em 2002 havia 6,2 milhões de servidores domésticos. Em 2009 eram 7,2 milhões. Mas a proporção se manteve praticamente a mesma - em torno de 7,7% da força de trabalho. Ou seja, a categoria cresceu devagar.

Muitas moças optaram por outros empregos. Por outro lado, a demanda aumentou muito. Nos dias de hoje, praticamente 50% das mulheres saem de casa para trabalhar e a babá e a empregada doméstica são apoios essenciais.

O salário médio real das empregadas registradas subiu de R$ 414 mensais, em 2002, para R$ 586, em 2009, ou seja, um aumento de 41,5%. Isso foi quase três vezes mais do que o aumento dos empregados registrados em empresas, cujo salário médio real passou de R$ 947 para R$ 1.104, ou seja, 16,5% a mais.

A disparada dos salários se deve também à melhoria da qualificação desses profissionais. Em 2002 os empregados domésticos tinham, em média, 5,1 anos de escola; em 2009, 6 anos - um avanço de 20%, bem superior ao que ocorreu com o restante da força de trabalho, cujas médias subiram de 7,4 anos para 8,4 anos, ou seja, 13,5%.

Embora a maioria dos empregados domésticos ainda tenha uma escolarização limitada, há avanços expressivos. Entre 2002 e 2009, o número de domésticas com ensino médio completo dobrou, passando de cerca de 600 mil para 1,2 milhão. Os diplomados em faculdades passaram de cerca de 5 mil para 68 mil - um aumento de 11 vezes!

Apesar de a categoria sofrer de 70% de informalidade, o número de empregadas devidamente registradas também avançou. Em 2002 eram apenas 1,5 milhão; em 2009 chegaram a quase 2 milhões - um aumento de 33%. Os informais também aumentaram, é verdade, mas isso não passou de 13%.

Apesar de a maioria trabalhar sem registro em carteira (muitas vezes como diaristas), há 640 mil empregadas que desfrutam de proteções previdenciárias por contribuírem facultativamente ao INSS (dados da Previdência Social).

As famílias de classe média estão sentindo na pele as dificuldades para contratar uma empregada doméstica nos dias atuais. Já tem gente importando babás do Paraguai e da Bolívia. Isso porque, além do salário alto, as exigências aumentaram muito. Poucas aceitam "dormir no emprego" ou trabalhar à noite e nos fins de semana.

Vários projetos de lei tramitam no Congresso Nacional com vistas a acelerar a formalização das empregadas domésticas. O Projeto de Lei do Senado Federal (PLS) 161 reduz a contribuição previdenciária dos empregadores de 12% para 6%. O PLS 447/2009 concede uma anistia aos empregadores que ainda mantêm as empregadas na informalidade, para então formalizá-las. O PLS 159/2009 aumenta o valor da multa para os que insistirem na informalidade. O PLS 175/2009 mantém o FGTS como opcional (como é hoje), mas libera os empregadores do pagamento dos 40% referentes à indenização de dispensa. O PLS 194/2009 dá um incentivo tributário aos empregadores que fizerem planos de saúde para as suas empregadas.

A OIT pôs as empregadas domésticas no centro da pauta da 99.ª Conferência Internacional do Trabalho, que ocorrerá em junho em Genebra. Busca-se aprovar uma convenção internacional para regular as condições de trabalho dessa profissão em todo o mundo.

O Brasil caminha para a situação dos países avançados onde as empregadas domésticas são raras e caras. Isso terá forte impacto nas famílias brasileiras, para as quais haverá um aumento do trabalho doméstico e uma nova divisão do trabalho: o homem terá de ajudar a mulher cotidianamente nos afazeres da casa. Entre nós, os maridos trabalham em casa não mais do que 4 horas por semana. Os homens da Escandinávia trabalham 18. Na falta de empregada, para as moças, um bom negócio é casar com um dinamarquês...

PROFESSOR DA FEA-USP, É PRESIDENTE DO CONSELHO DE EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO DA FECOMÉRCIO DE SÃO PAULO. SITE: WWW.JOSEPASTORE.COM.BR
Fonte: Agência Estado.

Justiça reduz de 8h para 6h carga horária de operadores de call center

Ministros também determinaram que empregadores deverão pagar vale transporte, independente se funcionário mora perto ou longe das empresas

Os trabalhadores do centros de telemarketing fazem um serviço semelhante ao das telefonistas e por isso vão ter uma carga horário de 6 horas, e não mais as atuais 8 horas. Esta foi uma das decisões tomadas pelo plenário do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em sessão especial para atualizar as interpretações da legislação trabalhista.

Os 27 ministros do pleno do TST decidiram ainda que os empregadores têm de pagar o vale transporte, independente do trabalhador morar perto ou longe das empresas. Hoje, a maioria absoluta das empresas já paga o vale transporte seguindo essa regras, mas a decisão do TST consolida um entendimento da corte superior e evita a judicialização desse direito.

A revisão da Súmula 369 também decidiu que 7 dirigentes sindicais em cargos suplentes também passam a ter obrigatoriamente a estabilidade provisória no trabalho. O entendimento até hoje era de que esse direito cabia apenas a 7 diretores titulares. Algumas empresas aceitavam a estabilidade dos suplentes, outras não. Ao longo de um ano, depois do fim do mandato sindical, os trabalhadores não podem ser demitidos.

O TST paralisou todas as suas atividades durante uma semana, desde segunda-feira retrasada, para debater o emaranhado de divergências que vem atrapalhando a eficácia de suas decisões. Os ministros, assim como juízes de tribunais regionais, andam se desentendendo na interpretação das leis, muitas delas desatualizadas, e dando sentenças contraditórias em causas semelhantes, o que compromete a credibilidade da Justiça trabalhista e causa indignação às partes.

É tanto bate-cabeça que as sentenças estão se tornando letra morta. De acordo com levantamento do tribunal, só 31% das sentenças são cumpridas quando chegam à fase de execução. Ou seja: em sete de cada dez julgamentos, o direito não se converte em dinheiro no bolso. O trabalhador ganha, mas não leva. Há sentenças transitadas em julgado que se arrastam há dez anos ou mais.

A situação se agravou com o aumento das terceirizações no mercado de trabalho e com a nova lei de falências, que tirou dos trabalhadores a prioridade no recebimento de direitos.
Fonte: Agência Estado.

domingo, 22 de maio de 2011

Sindicato acusa Honda de ‘assédio moral coletivo’

Montadora demitiu trabalhadores da fábrica de Sumaré por telegrama, durante processo de negociação com o sindicato e greve iniciada em 12 de maio

O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região entrou nesta quinta-feira, 19, com ação de assédio moral coletivo contra a Honda do Brasil no Ministério Público. Paralelamente, ingressou com pedido de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O sindicato reclama que a montadora demitiu funcionários por telegrama, no meio de um processo de negociação e no decorrer de uma greve iniciada dia 12.

Na quarta-feira, a Honda anunciou 400 demissões, o equivalente a 12% do seu quadro de pessoal, formado por 3,4 mil pessoas na fábrica instalada em Sumaré (SP). A empresa avisou ainda que há 800 funcionários que ficarão ociosos e estuda medidas para evitar novos cortes.

Com dificuldade em importar componentes do Japão após o terremoto de 11 de março, a empresa vai reduzir a produção diária de 600 para 300 automóveis a partir de junho. Antes disso, os funcionários entrarão em licença remunerada a partir de segunda-feira. A fábrica produz os modelos Civic, City e Fit.

O diretor do sindicato, Eliezer Mariano, espera uma intervenção do TRT ainda hoje. "Questionamos a forma como as demissões foram feitas, de forma arbitrária", disse. Ele também aguarda rápido posicionamento do Ministério Público, por tratar-se de um "conflito já instalado".

Em nota, a Honda divulgou nesta quinta-feira que "utilizou o recurso de telegrama apenas como medida de registro, por absoluta impossibilidade de encontrar os trabalhadores da linha de produção que estavam ausentes da planta em função da paralisação dos turnos proposta pelo sindicato".

Informou ainda que os demitidos começaram a receber ontem cartas explicando a situação e as dificuldades na produção dos automóveis e lembrou que não realizava demissões desde 1992. A empresa não reconhece a greve dos funcionários e afirma que ocorreram paralisações definidas a cada turno.

O sindicato alega que há alternativas para evitar as demissões, como a redução da jornada de trabalho e férias coletivas. Ambas foram recusadas pela Honda durante as negociações.

A Honda voltou a justificar o corte na produção. "Em função dos desastres naturais ocorridos no Japão, diversos fornecedores de componentes eletrônicos, que não podem ser substituídos facilmente, tiveram sua produção afetada. Com isso, o envio de peças para diversos países, inclusive o Brasil, foi prejudicado."

A empresa acredita que o desabastecimento de peças vai se manter até o fim do ano, embora a matriz do grupo tenha informado no Japão realizar esforços para antecipar a retomada da produção normal nas fábricas dos fornecedores de peças.

Queda. Na quarta-feira, o diretor da Honda, Paulo Takeuchi, disse que a empresa previa para este ano aumento de 5% na produção ante as 134,1 mil unidades de 2010. "Agora, nossa projeção é de queda de 20%." Já as vendas devem cair 30% em relação ao total de 126,4 mil unidades vendidas no ano passado. O novo Civic, que seria lançado no segundo semestre, ficou para 2012.

No primeiro quadrimestre, a marca vendeu 36,8 mil carros, 8,4% a menos que em igual período de 2010. O mercado como um todo cresceu 3,7%. A participação da marca nas vendas de automóveis e comerciais leves hoje é de 3,5%, ante 4,2% em 2009.
Fonte: Agência Estado.

Prejuízo consolidado do Panamericano em 2010 sobe para R$ 187 milhões

Balanço financeiro 'complementar' ajustado ao padrão contábil internacional foi apresentado à CVM

O Banco Panamericano apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) novo documento sobre seu balanço financeiro referente a 2010, identificado como "complementar", ajustado agora ao padrão contábil internacional (IFRS), pelo qual o prejuízo consolidado do grupo fica maior do que o divulgado anteriormente, no padrão brasileiro. O atual relatório do comitê de auditoria aponta que o prejuízo consolidado do Panamericano foi de R$ 187,297 milhões em IFRS, enquanto em fevereiro a cifra anunciada era de R$ 133,617 milhões para o mês de dezembro de 2010, em BR Gaap/Bacen.

Naquela ocasião, a instituição financeira separava o resultado consolidado do que era específico do negócio do banco, de R$ 142,144 milhões, detalhamento que não ocorre agora. No atual documento de 110 páginas, não há menção ao resultado líquido do banco separadamente.

O total do ativo consolidado - incluindo banco e as controladas - é de R$ 16,588 bilhões, enquanto no relatório datado de 15 de fevereiro era de R$ 13,174 bilhões, sem os ajustes ao IFRS.

Os administradores do Panamericano consideraram apenas um mês de operação no ano passado, alegando não haver critério de comparação após a admissão de um rombo de R$ 4,3 bilhões, por inconsistências contábeis e o não registro de operações de cessão de crédito liquidadas.

O comitê de auditoria diz ter concluído na sexta-feira a revisão das demonstrações especiais consolidadas. O texto afirma: "Como parte dessa revisão, discutiu com os auditores independentes (a Deloitte) o resultado do seu trabalho e tomou conhecimento do seu relatório, inclusive, do ajuste procedido para adequar o reconhecimento das receitas ao fluxo de caixa de pagamentos ou recebimentos futuros ao longo do contrato de empréstimo, sobre os balanços patrimoniais especiais individuais e consolidados do Banco Panamericano S.A em 30 de novembro de 2010 (Balanço de Abertura) e 31 de dezembro de 2010, para as suas demonstrações especiais individuais e consolidadas do resultado, das mutações do patrimônio liquido, do fluxo de caixa e do valor adicionado para o mês de dezembro de 2010, bem como para as suas correspondentes notas explicativas elaboradas de acordo com a opção I da Carta-Circular nº3. 435, do Banco Central do Brasil - Bacen, sendo consideradas de propósito especial, de acordo com as práticas descritas nas Notas 3 e 4, visando apresentar valores livres de distorção relevante, independentemente, se causada por fraude ou erro, dando-se por satisfeito com as informações e esclarecimentos prestados."

Lucro no 1º tri

O Banco Panamericano registrou lucro líquido consolidado de R$ 76,164 milhões no primeiro trimestre deste ano. A instituição não divulgou o comparativo com o primeiro trimestre de 2010. No mês de dezembro passado, o banco teve prejuízo de R$ 133,6 milhões.

Ao final de março, o patrimônio líquido consolidado do banco era de R$ 1,395 bilhão, ante R$ 19,150 milhões no final de dezembro de 2010.

Ainda de acordo com o balanço do Panamericano divulgado há pouco, em 31 de março deste ano, o Índice de Basileia do banco era de 13,45% (-5,74% ao final de dezembro de 2010), enquanto o valor da margem operacional era de R$ 261 milhões (-R$ 2,667 bilhões em dezembro de 2010).

O controle de Panamericano (51% do capital votante) foi vendido em novembro do ano passado pelo Grupo Silvio Santos ao BTG Pactual por R$ 450 milhões, após descoberta de um rombo contábil de mais de R$ 4,3 bilhões e a instituição ser socorrida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). A Caixa Econômica Federal detém 49% do capital votante da instituição.

Carteira de crédito

O Banco Panamericano informou que sua carteira total de crédito atingiu R$ 10,191 bilhões no primeiro trimestre de 2011, comparados a R$ 13,3 bilhões em dezembro de 2010. Não foi divulgado o comparativo com o mesmo período do ano passado. Os ativos totais do Panamericano ficaram em R$ 13,378 bilhões no primeiro trimestre deste ano, enquanto os depósitos a prazo somaram R$ 4,060 bilhões.

De acordo com o balanço da instituição, o total da carteira de crédito do primeiro trimestre deste ano inclui a carteira de créditos retida no banco, de R$ 3,4 bilhões; os créditos cedidos com coobrigação, no montante de R$ 3,5 bilhões; a totalidade das carteiras cedidas a FIDCs (fundos de investimento em direitos creditórios), no valor de R$ 2,3 bilhões, sendo que o banco detinha cotas destes FIDCs no valor de R$ 1,4 bilhão; e o saldo das operações de leasing, de R$ 1 bilhão.

Ainda segundo o Panamericano, a redução da carteira no trimestre se deveu, sobretudo, à cessão de direitos creditórios no valor de aproximadamente R$ 3,5 bilhões para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), sem coobrigação. O crédito para pessoas físicas correspondia a 88,0% da carteira retida.
Fonte: Agência Estado.

domingo, 15 de maio de 2011

MiniCom quer R$ 26 milhões do Orçamento para concluir implantação de telecentros

O país deverá ganhar mais 8.934 telecentros comunitários. O Ministério das Comunicações (MiniCom) está negociando com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a liberação de R$ 26 milhões para a compra dos equipamentos, que ainda não têm previsão de instalação.

Com a aquisição dos equipamentos, kit de 11 computadores de uso livre (sendo um servidor), o país terá 22 mil telecentros – incluídos aí 6.610 kits instalados em 5.485 municípios (98,57% das cidades brasileiras), além dos pontos de Cultura (instalados pelo Ministério da Cultura) e dos telecentros.br (criados pelo Ministério do Planejamento), atualmente sob a responsabilidade da Secretaria de Inclusão Digital, criada pelo governo no mês passado.

A formulação das políticas de inclusão digital ocorre no mesmo momento que o governo finaliza o Plano Brasil sem Miséria, a ser anunciado ainda este semestre pela presidenta Dilma Rousseff. “Não sei se vai estar maduro para o momento do lançamento. Não sei se [a inclusão digital] constituirá um programa específico ou será um instrumento de apoio às linhas [do Brasil sem Miséria]”, disse o ministro interino das Comunicações, Cezar Alvarez, à Agência Brasil após participar do debate Inclusão Digital e Erradicação da Miséria, no 4º Congresso Internacional de Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi), em Brasília.

Para o professor Marcelo Knörich Zuffo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, promover o acesso de pessoas pobres ao computador, especialmente entre as crianças em idade escolar, é uma estratégica excepcional para enfrentar a miséria. “As crianças são portadoras de futuro e de esperança”, disse antes de dizer que a inclusão digital esbarra nas dificuldades de compreensão cognitiva por causa do analfabetismo funcional; na baixa autoestima da população, que é marginalizada; e nos problemas de instalação elétrica das escolas, que inclui precária rede elétrica e a falta de tomadas para ligar os computadores nas salas de aula.

Zuffo crê que as políticas públicas de inclusão digital têm “foco” na banda larga, (para acesso das classes emergentes), mas é preciso “descer mais fundo” e tratar de “problemas fundamentais do país”. O professor sentencia que “a quantificação da miséria de um país é proporcional à vulnerabilidade de sua democracia”.

Segundo o secretário executivo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), André Luiz Lazaro, o acesso à informação passou a ter “status de direito” e o governo tem visão ampla nas políticas sociais. “Para o governo, pobreza não é apenas a ausência de renda, mas também ausência de acesso a serviços públicos e acesso à inclusão produtiva”, avaliou durante o debate.

Lázaro espera que, além de tornar o computador uma ferramenta disponível para mais pessoas, seja feita a inclusão pensando nos segmentos mais vulneráveis, como as mulheres negras e os portadores de necessidades especiais, e nas regiões mais carentes. “A singularidade da pobreza não é igual em todo o país”, afirmou antes de reclamar que menos de 5% dos sites oficiais, inclusive da SDH, têm mecanismos para permitir acessibilidade de cegos.

O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) lança no próximo mês o aplicativo Liane TTs que funciona como sintetizador de voz, lê textos e gera arquivos MP3 permitindo acesso à informação pelas pessoas que têm problemas de visão e dificuldades graves de audição.
Fonte: Agência Brasil.

Ferrovia tem velocidade pré-privatização

País não superou média de 29 km/h; trens de carga brasileiros são 34% mais lentos que os americanos e 62% menos velozes que os chineses

Enquanto as atenções estão voltadas para a concessão do primeiro trem-bala brasileiro, que atingirá a velocidade de 300 km/h, as ferrovias de carga pararam no tempo no quesito velocidade. Em mais de uma década, desde a privatização, o Brasil não conseguiu sair da média de 29 km/h - bem abaixo de indicadores nos mercados concorrentes. Mais rapidez elevaria a capacidade da malha nacional.

Os trens brasileiros são 34% mais lentos que os americanos e 62% menos velozes na comparação com os chineses, segundo levantamento do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). Há casos no País em que as composições (locomotivas e vagões) não superaram a média de 15 km/h. É o caso, por exemplo, da Transnordestina, administrada pela Companhia Siderúrgica Nacional (esse é o trecho antigo que pertencia à Rede Ferroviária).

A baixa velocidade é decorrente de uma série de fatores e não é fácil de ser resolvida, afirma o presidente do Instituto Ilos, Paulo Fleury. O primeiro obstáculo é o contrato de concessão. As empresas que administram as ferrovias argumentam que boa parte dos investimentos é de responsabilidade do governo federal.

Entre as obrigações do Estado está a solução para o excesso de cruzamentos entre ferrovias e rodovias, conhecido no setor como passagem de nível. A ausência de pontes ou túneis para transpor essas barreiras obrigam as locomotivas a reduzir a velocidade ou até parar.

Outro gargalo é chamado de invasão da faixa de domínio, que nada mais é do que a construção de moradias ao lado dos trilhos, diz Fleury. Na Baixada Santista, por exemplo, os trens são obrigados a andar a uma velocidade média de 10 km/h por causa do vaivém de pessoas, carros, bicicletas e motos na via férrea. A lista de barreiras inclui ainda a passagem dentro de áreas urbanas. Em São Paulo, trens de carga e passageiros têm de compartilhar os mesmos trilhos.

Mas as concessionárias também têm suas responsabilidades. As melhorias na via permanente, o que inclui a troca de trilhos e dormentes (barras de concreto que sustentam os trilhos) antigos, fazem parte dos deveres das companhias e elevam de forma significativa a velocidade dos trens. Mas apenas agora elas começam a acordar para o problema. Um dos motivos é o aumento da demanda.

No caso da Transnordestina, que tem a menor velocidade do País (15 km/h), a empresa afirma que pegou a malha totalmente sucateada e já investiu R$ 500 milhões. No momento, está fazendo a troca de dormentes, trilhos e fixações entre São Luís (MA) e Fortaleza (CE). Em relação aos demais trechos, o problema será resolvido com a construção da Nova Transnordestina, que substituirá o trecho entre Missão Velha (CE) e Fortaleza. A expectativa é que, com as obras, a velocidade chegue a até 80 km/h.

A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), administrada pela Vale, tem a segunda pior velocidade (22 km/h). A justificativa do diretor de Operações da companhia, Rodrigo Ruggiero, é o seu tamanho, cerca de 8 mil km. Ele explica que a empresa está remodelando um trecho de 700 km, com a instalação de trilhos que permitem maior velocidade. "Já fizemos a troca de 150 km e faremos mais 90 km este ano." Há ainda a modernização de uma área em Belo Horizonte (MG), a compra de locomotivas mais rápidas e a ampliação de terminais.

A América Latina Logística (ALL) decidiu investir em mecanismos de comunicação e melhoria da via permanente para ampliar a velocidade dos trens. A expectativa é que as práticas adotadas elevem em 20% a capacidade da malha paulista; 8% da malha sul; e 8% da malha oeste, afirma o superintendente de qualidade e produtos da companhia, René Silva. A malha oeste da companhia tem a terceira velocidade mais baixa do sistema nacional.

A ferrovia onde se anda mais rápido no Brasil é a Vitória-Minas, administrada pela Vale. A velocidade nesse trecho é de 36 km/h, semelhante à dos Estados Unidos. A segunda é a malha paulista da ALL.
Fonte: Agência Estado.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Gastos das famílias superam renda em 53% dos lares, diz Apas

Em 2010, renda mensal nacional foi de R$ 2.146,00, enquanto o gasto foi de R$ 2.171,00

A maior parte das famílias brasileiras registrou em 2010 um gasto mensal acima da renda média mensal. O dado é da pesquisa Tendências do Consumidor, elaborada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), em parceria com as empresas Nielsen e Kantar WorldPanel, e divulgada hoje. Em 2010, segundo o levantamento, 53% das famílias de todas as classes sociais registraram gastos acima da renda familiar, com um endividamento médio de 1%.

No período, renda mensal nacional foi de R$ 2.146,00, enquanto o gasto foi de R$ 2.171,00. O déficit não era registrado desde 2005, quando o endividamento chegou 3%. A renda média em 2005 foi de R$ 1.337,00, enquanto o gasto foi de R$ 1.378,00. A Apas aponta que a maior oferta de crédito impulsionou o consumo das famílias. A pesquisa mostra que, ante 2009, os gastos mensais em 2010 apresentaram alta de 16%, enquanto a renda média subiu 13%.

O diretor de Economia e Pesquisa da Apas, Martinho Paiva, explica que, em 2010, a estabilidade econômica levou os consumidores a recorrerem ao crédito para comprar bens de consumo aos quais não tinham acesso antes. "O desejo de consumo, aliado à oferta de financiamentos, fez com que o consumidor se embebedasse no crédito", disse. Paiva, contudo, afirmou acreditar que, em 2011, as famílias vão equilibrar a renda mensal com os gastos.

A associação aposta ainda que o aumento dos juros pelo Banco Central (BC) e as recentes medidas adotadas pelo governo diminuirão o crescimento do consumo. O consumo das famílias deve continuar crescendo, mas num ritmo menor, de acordo com a Apas. A pesquisa foi realizada com uma amostra de 8.200 lares em todo o País. O levantamento foi feito por meio de questionário aplicado em julho de 2010.
Fonte: Agência Estado.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Os primeiros passos rumo à profissão contábil

Estágios e programas de trainee abrem as portas do mercado de trabalho para estudantes de Ciências Contábeis

Encurtar a distância entre a faculdade e o mercado de trabalho. Com este objetivo, estudantes de Ciências Contábeis recorrem aos estágios e programas de trainee para dar os primeiros passos na profissão. Além de exercer a contabilidade desde cedo, eles têm a oportunidade de relacionar o conhecimento adquirido no ofício com a rotina acadêmica. Mais do que uma remuneração ao final do mês, o esforço realizado para conciliar aula e jornada laboral gera reflexos no futuro. Um início de carreira precoce pode ser determinante para a pavimentação de uma trajetória bem-sucedida.

Estudante do terceiro semestre da graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Morgana Belardinelli, 20 anos, destaca que o grau de exigência dos empregadores é alto até mesmo para os aprendizes. “É essencial tu fazeres estágios antes de se formar. Tenho amigas que resolveram buscar uma vaga tarde e estão com dificuldade de encontrar devido à falta de experiência. Por isso, quanto mais bagagem tu tiveres, melhor”, atesta a estagiária da Dell. Responsável pela contabilização de exportações e importações, Morgana chegou a atuar por nove meses em um escritório contábil antes de chegar à multinacional. Na companhia, ela recebe acompanhamento de uma funcionária, a madrinha, encarregada de ensinar e supervisionar a função.

Uma série de fatores influencia a escolha das organizações na hora de escolher alguém como estagiário ou trainee. A gana por aprendizado aliada ao conhecimento técnico constitui-se na fórmula ideal para fisgar os contratantes. Desta forma, o conhecimento do modelo de normas internacionais, o domínio dos processos digitais e as habilidades gerenciais são alguns dos itens-chave nos processos seletivos. “O pretendente que já possui uma base desses sistemas tem um diferencial. Os estudantes atentos às mudanças que a contabilidade vem passando, chegam com um handicap maior no mercado”, analisa o vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Rio Grande do Sul (ABRH-RS), Orian Kubaski.

A visão empreendedora foi crucial para que Patrícia Oliveira, 20 anos, fosse efetivada como trainee da PricewaterhouseCoopers (PwC). Atualmente no sétimo semestre do curso na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), a jovem chegou a administrar uma empresa de recarga de cartuchos junto com o irmão. A experiência prévia foi ratificada através do bom desempenho nas avaliações e entrevistas. Em 2010, ela obteve uma das 500 posições abertas pela PwC em todo o País. Na ocasião, 18 mil pessoas inscreveram-se na seleção.

Devido às tarefas como auditora, Patrícia possui uma rotina atribulada. Seja no Interior do Estado, Curitiba ou São Paulo, o local de realização das tarefas varia constantemente. “A principal dificuldade que tenho é controlar as faltas na faculdade. Como viajamos muito, perdemos algumas aulas. Mas quando tenho prova, sempre converso com o pessoal da empresa. Eles entendem isso e acabam dando prioridade para quem já está formado”, conta, mencionando que a vivência prática a está ajudando nos estudos.
A dois passos da sociedade

Ao ser contratada como trainee da Ernst & Young Terco em 2000, a carioca Raquel Cerqueira, então com 20 anos de idade, já tinha em mente o esboço de como seria sua trajetória profissional. Desde o momento em que foi admitida no escritório da empresa em Porto Alegre, ela começou a traçar metas e conjeturar seu futuro dentro da companhia. Mesmo em início de carreira, um objetivo em especial lhe atraía: tornar-se sócia.

Onze anos depois, a atual gerente sênior está a dois passos de alcançar o topo. Apenas a função de sênior executivo a separa de figurar entre os integrantes da sociedade. Mas até chegar a essa condição, a auditora percorreu um longo caminho. Formada em Ciências Contábeis pela Ufrgs, Raquel exerceu as atividades de assistente, sênior e gerente. Satisfeita com sua evolução no trabalho, ela sequer cogita trocar de empresa ou área de atuação. “Estou muito realizada. Esta é uma carreira que vale a pena, mas tu precisas te dedicar e também investir um pouco do teu tempo pessoal”, diz Raquel, que veio para a Capital gaúcha ainda na infância, com a família.

A posição conquistada dentro da companhia acabou rendendo à funcionária novas atribuições. Entre elas, a participação nos processos seletivos. A cada ano, Raquel depara-se com candidatos em situação idêntica à sua uma década atrás. “Eu sempre digo para os pretendentes que um dia estive no lugar deles. Tento mostrar para eles que, demonstrando vontade, todos são capazes”, relata.
Oferta de estágios é vasta

Responsáveis por fazer o meio de campo entre estudante e empregador, as centrais de estágios oferecem uma ampla relação de vagas na área de Ciências Contábeis. Com oportunidades de trabalho disponíveis em bancos, escritórios e até organizações de grande porte, basta determinação para conquistar um posto. Entretanto, preencher os espaços vazios pode ser uma tarefa árdua às vezes. Na Fundação Irmão José Otão (Fijo), entidade que faz o encaminhamento de acadêmicos da Pucrs, a fartura de possibilidades contrasta com a escassez de candidatos.

“Ao abrir uma vaga em Administração de Empresas, aparecem uns dez candidatos no mesmo dia. Em Contábeis, quando vem uma pessoa, é dois ou três dias depois da abertura. Essa lentidão faz com que muitas empresas encerrem a solicitação sem conseguir alguém para o lugar”, lamenta Carla Breto, responsável pelas vagas de estágio da Fijo. Ao todo, 154 dos 438 graduandos da universidade possuem cadastro na fundação. Em março, 49 alunos receberam direcionamento, número pequeno se comparado a outros cursos.

Segundo Carla, há uma justificativa para o pouco interesse dos estudantes de Contábeis: muitos deles já possuem emprego fixo. Para contornar essa situação, a Fijo aposta na articulação junto aos coordenadores da faculdade e na divulgação das oportunidades em sala de aula e por meio de cartazes. Os empregadores também estão agindo. A elevação dos valores das bolsas remuneratórias foi a saída encontrada para atrair os pretendentes. Hoje, um estagiário recebe entre R$ 330,00 e R$ 1.000,00.

Entre as exigências feitas pelos contratantes está o conhecimento básico dos processos contábeis, por isso a preferência por educandos situados do quarto semestre em diante. Neste contexto, as constantes mudanças vividas pela contabilidade influenciam o perfil do funcionário procurado. “O grau de exigência dos empregadores aumentou. Além da parte técnica, a tecnologia tornou-se um diferencial em todas as áreas, mas na contabilidade ainda mais”, garante o gerente de relações institucionais do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) no Estado, Cláudio Bins.

No Ciee, Ciências Contábeis é o sexto curso em número de demandas. Com atuação em 80% dos municípios gaúchos, a central planeja utilizar as redes sociais para ampliar a divulgação das vagas abertas. A ação começará a ser desenvolvida a partir deste mês.
Grandes empresas investem em programas de trainee

Para as organizações, um investimento em alguém promissor. Para estudantes e recém-formados, a possibilidade de construir uma carreira estável. Com o objetivo de transformar um jovem talentoso em potencial mandatário, as grandes empresas contábeis têm apostado na contratação de profissionais com perspectiva de aproveitamento à longo prazo. Neste sentido, os programas de trainee configuraram-se na alternativa ideal para as companhias moldarem o contador a sua maneira, capacitando-o para alcançar a posição máxima no futuro. Afinal, quem hoje é trainee, amanhã pode ser sócio.

Nas gigantes da área de auditoria, as Big Four, a permanência desses contadores após o término do primeiro contrato ocorre com frequência. Desde a entrada no escritório, os candidatos aprovados no processo seletivo têm um plano de carreira traçado. Esse é um dos fatores que acirra a disputa por uma vaga nas multinacionais Deloitte, Ernst & Young Terco, KPMG e PricewaterhouseCoopers (PwC). A filtragem dos pretendentes ocorre em várias etapas, por meio de provas sobre conhecimentos específicos e entrevistas com gerentes e sócios.
O domínio teórico, todavia, é apenas um dos requisitos levados em conta pelos empregadores. “Buscamos uma pessoa proativa, que demonstre vontade de aprender e tenha humildade para reconhecer que ainda há coisas a serem aprendidas. Não adianta chegar aqui e pensar que vai se tornar sócio no dia seguinte”, afirma o supervisor de auditoria da PwC, Sérgio Porciúncula.

Para evitar que etapas no caminho até a sociedade sejam queimadas, o planejamento torna-se essencial. Um passo avançado no momento errado pode prejudicar o desenvolvimento do profissional. “Não podemos antecipar a carreira da pessoa. Ela tem de avançar degrau por degrau, adquirindo bagagem e conhecimento necessários para assumir maiores responsabilidades. Por isso, procuramos acomodá-la dentro de cada passo da carreira por determinado período”, justifica Américo Ferreira Neto, um dos sócios responsáveis pelo escritório da Ernst & Young Terco em Porto Alegre.

Outra preocupação das empresas refere-se à adaptação do contador no ambiente de trabalho. Para entrosá-lo com os colegas e familiarizá-lo com as normas do local, são realizados treinamentos e programas internos.
Fonte: Jornal do Comércio.

Planos de governo ainda não tratam educação como prioridade em suas ações, aponta estudo O projeto de desenvolvimento econômico do Brasil ainda não t

O projeto de desenvolvimento econômico do Brasil ainda não trata a educação como prioridade em suas ações e programas. Apesar de reconhecer a melhoria da qualidade do ensino como estratégia fundamental para o crescimento da economia e desenvolvimento social, o país ainda não conseguiu traduzir essa intenção em ações efetivas. Esse é o diagnóstico de um estudo produzido pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Romualdo Portela, apresentado hoje no Seminário Internacional Educação e Desenvolvimento, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Em suas pesquisas, Portela analisou os principais planos norteadores pelo governo do ex-presidente Lula e detectou que, quando a educação aparece como área de ação estratégica, essa intenção não é traduzida na prática, especialmente no que diz respeito ao financiamento. Entre os planos de ação, foram estudados o Plano Plurianual (PPA) 2008-2011 e as duas edições do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O professor destaca que na primeira edição do PAC a educação não aparece e na segundo a área é contemplada exclusivamente com investimentos para a construção de 6 mil creches. No PPA, a educação é um dos três eixos estruturantes para o desenvolvimento do país, mas o plano não prevê aumento dos investimentos para que se consiga melhorar a qualidade do ensino e aumentar a escolaridade do trabalhador.

“Os planos mais recentes são melhores que os antigos. Eles conseguem formular a importância da educação como estratégica do ponto de vista do desenvolvimento humano e social, mas a tradução dessa prioridade, que já está enunciada em políticas concretas, essa parte nós não fazemos”, explica Portela.

Em seu estudo, o professor aponta que o processo produtivo de hoje exige um novo tipo de trabalhador, diferente daquele da década de 60. E a complexidade do trabalho moderno gerou novas demandas para a educação. “Aquela mão de obra formada no próprio processo produtivo praticamente não existe mais. E quando é formada dessa forma, ela não sobrevive. Esse modelo exige a necessidade de ampliação da educação em todos os níveis”, compara.

O estudo também analisou o Plano Brasil 2022, elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, e a Agenda para o Novo Ciclo de Desenvolvimento, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Portela destaca que esses documentos são de “perspectiva: indicam aonde o país quer chegar, mas não delimitam ações”. Em ambos a educação ocupa espaço de destaque, mas o princípios indicados não se refletem nos planos práticos.

Portela destaca que falta integração entre os diferentes projetos do governo.

“Nesse momento nós estamos discutindo o novo PPA então seria um bom momento para a gente traduzir essa prioridade e darmos um salto na integração das políticas de desenvolvimento e educação. Com mais orçamento nós temos condições de enfrentar, por exemplo, o desafio da qualidade. Nós precisamos de um choque de educação para o governo todo e não só no Ministério da Educação”, defende.
Fonte: Agência Brasil.