sexta-feira, 8 de julho de 2011

Compra da Webjet pela Gol pode perpetuar baixa qualidade

Compra da Webjet pela Gol pode perpetuar baixa qualidade, diz Idec
Para instituto, com o negócio, cerca de 85% do mercado doméstico estaria nas mãos de apenas duas companhias aéreas

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor afirmou nesta sexta-feira, 8, que a possível compra da Webjet pela Gol, poderia fazer com que o atual cenário de baixa qualidade dos serviços aéreos se perpetuasse. Para o instituto, com o negócio, o mercado doméstico de voos se concentraria nas mãos de apenas duas companhias, a TAM e a Gol.

A Gol confirmou nesta sexta que está negociando a compra de 100% das ações da Webjet. O negócio deve ser fechado ainda hoje. Segundo dados de maio da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a empresa possui 35,39% de participação nos voos domésticos. Da mesma maneira, a Webjet possui uma estratégia bastante agressiva de baixos preços de passagens e ocupa o quarto lugar no mercado nacional, tendo transportado em maio 5,16% do total de passageiros no País.

O Idec está aguardando a definição das negociações entre as duas empresas, mas já chama a atenção para o movimento de concentração do mercado, algo que, em qualquer setor, não é bom para o consumidor. Segundo o instituto, como a TAM detinha, em maio, 44,43% do mercado interno, quase 80% da aviação doméstica brasileira estava nas mãos de apenas duas empresas. Com a possível aquisição, esse percentual será ainda maior.

"Dada a baixa qualidade dos serviços aéreos - vide o descaso das companhias no que diz respeito a informar o consumidor em casos de atrasos e cancelamentos de voos - e as tarifas elevadas, não é bom que essas atividades se concentrem ainda mais entre duas empresas", afirma o gerente de informações do Idec, Carlos Thadeu de Oliveira. "Na Europa e nos EUA, o setor não é assim tão concentrado e é possível, hoje, comprar lá passagens muito mais baratas que as vendidas aqui no Brasil", acrescentou.

Qualidade em jogo

Uma pesquisa realizada pelo Idec em maio deste ano levantou uma série de abusos praticados por companhias aéreas no País, especialmente em suas vendas online. Segundo o instituto, a Webjet foi o destaque negativo do estudo, pois fazia cobranças absurdas de seus passageiros, como taxa para parcelamento da compra e para marcação de poltronas, e não fornecia informações claras ao consumidor, que incluíam o aviso prévio sobre a cobrança pelos lanches consumidos a bordo.

"Embora as duas empresas tenham uma política de preços que potencialmente amplia o acesso ao transporte aéreo a muitas pessoas, é preciso que o nível de qualidade dos serviços seja não apenas mantido, mas também aperfeiçoado", acrescenta Oliveira.

Em junho, a Webjet foi proibida pela Justiça de cobrar taxas pelo uso da internet nas compras de passagens, marcação de assentos, parcelamento de compra e seguro de viagem. A decisão da juíza Maria Isabel Paes Gonçalves, da 6.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, deu-se a partir de um pedido do Ministério Público Estadual e estipulou multa de R$ 50 mil por ocorrência.
Fonte: Agêcia Estado.

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