segunda-feira, 4 de julho de 2011

Bons lucros tornam o Brasil atraente para montadoras

Atualmente existem 13 projetos em construção e em análise

Com custos até 60% mais altos na produção de automóveis em comparação à China e 20% maiores em relação ao México, o Brasil continua atraindo montadoras que ainda não estão no País e novas fábricas de marcas já instaladas. Há 13 projetos em construção ou em análises só de fabricantes de veículos. O número é bem maior quando somadas novas fábricas de autopeças. O mercado interno em crescimento contínuo desde 2004, com projeção de chegar a 6 milhões de veículos em menos de dez anos e bons lucros obtidos nas operações locais fazem do País atraente polo para o setor automobilístico mundial.

Apesar das reclamações contínuas do chamado “custo Brasil” - que tira a competitividade do produto nacional na exportação -, a Fiat e a Toyota estão construindo novas fábricas em Pernambuco e São Paulo. A japonesa Nissan confirmou unidade de US$ 600 milhões e 4 mil empregos, ainda sem local definido. Renault, PSA Peugeot Citroën e General Motors estudam novas filiais. No grupo de empresas que estão chegando está a coreana Hyundai, a japonesa Suzuki e as chinesas Chery e Lifan - esta em parceria com o brasileiro Effa, em um projeto de US$ 100 milhões. Entre os que ainda estudam fábricas estão BMW, Paccar/DAF e EBX, de Eike Batista.

O País já abriga 19 montadoras de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Juntas, elas mantêm 24 fábricas, sem contar as de componentes. A maioria está ampliando capacidade produtiva. A GM constrói unidade de motores em Santa Catarina e a Mitsubishi ao lado de sua linha de montagem em Goiás.

No segmento de autopeças, há pelo menos 15 multinacionais que vão abrir a primeira subsidiária em terras brasileiras. “O custo para produzir no Brasil é maior, mas o lucro obtido também é superior do que em outros países”, diz Fernando Trujillo, consultor de mercado da CSM WorldWide. Ele ressalta, contudo, que esse quadro está mudando. “Com a chegada de carros importados a preços competitivos as empresas estão reduzindo margens de lucro para enfrentar a concorrência.”

Exemplo comentado nos últimos dias é o do Honda City, fabricado em Sumaré (SP) e vendido por R$ 55 mil. A montadora exporta o modelo para o México, onde é revendido por R$ 26 mil. Segundo representantes do setor, além do real valorizado, o Brasil tem custo de venda diferente. Impostos, frete, manutenção de lojas, mão de obra e vários outros itens são mais caros.

Alegam ainda que quase tudo é mais caro no País: roupas, perfume, cosméticos e eletrônicos. O Big Mac, feito pela rede McDonald’s com os mesmos ingredientes em todos os países, custa US$ 1,95 na China, US$ 2,50 no México, US$ 3,73 nos EUA, US$ 2,82 na Coreia e US$ 4,91 no Brasil, mostra o Índice Big Mac, parâmetro internacional de preços.

Para Wim van Acker, sócio da consultoria americana Hunter Group, o lucro que as montadoras obtêm é um chamativo mas, em sua opinião, “mais atrativo ainda é o crescimento esperado para o mercado brasileiro”. “Todos os grandes grupos querem garantir presença nos mercados emergentes como o Brasil, que está entre os que mais crescem, assim como China, Índia e Rússia, os países do Bric”, confirma Michael Hanley, responsável global pela área automotiva da Ernst & Young.

O interesse também ocorre dentro do próprio bloco. “Como os mercados têm características similares, é mais fácil para um grupo chinês ou indiano vir para o Brasil do que para países como Alemanha e França”, diz Hanley. Em 2004, os brasileiros compraram 1,57 milhão de carros, número que saltou para 3,5 milhões em 2010, fazendo do País o quarto maior em vendas mundiais. Este ano deve ficar perto de 3,7 milhões. Para 2020, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) projeta 6 milhões de unidades, mas teme que fatia importante seja de importados. Hoje, 20% do que é vendido no Brasil vêm de fora.
Inovação será eixo de estímulo industrial, diz ministro Pimentel

O governo vai lançar na segunda quinzena de julho um programa para estimular o setor industrial brasileiro. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o programa terá como eixo principal o estímulo à inovação para o aumento da competitividade da indústria nacional. “O eixo principal do programa é a inovação. O Brasil dificilmente conseguirá vencer a competição na área industrial com a China sem investir nisso”, afirmou Pimentel.

De acordo com ele, esse programa poderá fazer com que o Brasil deixe de ter as commodities como principal produto de exportação e passe a vender produtos industrializados para o exterior. Atualmente cerca de 50% da pauta de exportações brasileiras são de mercadorias básicas. “Precisamos trocar a lógica das commodities. Nós temos uma certa tradição histórica de ser exportador de commodities. O Brasil sempre será um grande produtor de recursos naturais, mas nós podemos equilibrar mais. Ter uma pauta de exportação de produtos industrializados mais volumosa”, afirmou o ministro.

O ministro informou ainda que esse programa de incentivo à indústria deve contemplar um conjunto de medidas nas áreas fiscal e tributária. Entre as medidas que devem estar incluídas no plano estão as desonerações da folha de pagamento, zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pago na compra de bens de capital e a recuperação imediata do PIS/Cofins pagos por quem adquire máquinas.
Fonte: Jornal do Comércio

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