quinta-feira, 21 de abril de 2011

Copom eleva taxa de juros para 12% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (20) elevar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual para 12% ao ano. Com isso, reduziu o ritmo de alta do juro básico da economia iniciado em janeiro deste ano, quando a taxa foi elevada em 0,50 ponto porcentual, e no início de março, quando também subiu meio ponto. Foi a terceira reunião do comitê que reúne os diretores do BC sob o comando de Alexandre Tombini na instituição, e do governo de Dilma Rousseff.


A decisão de hoje ficou fora da previsão da maior parte dos analistas financeiros. De acordo com levantamento, de 70 instituições financeiras consultadas, 47 esperavam uma alta de 0,50 ponto porcentual; 22 instituições previam aumento de 0,25 ponto porcentual e uma, o Banco Santander, previa estabilidade.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 7 e 8 de junho. A ata da reunião de hoje será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 28 de abril.

Em comunicado divulgado depois da reunião, o Copom explica que "dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu elevar a taxa Selic para 12% ao ano, sem viés, por 5 votos a favor e 2 votos pelo aumento da taxa Selic em 0,5 ponto percentual".

O Copom adiantou também que "considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional" entendeu que, neste momento, "a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012."

Foi o terceiro aumento da taxa Selic no ano. A taxa básica de juros terminou 2010 em 10,75% ao ano e está, agora, no nível mais alto desde janeiro de 2009, quando estava em 12,75%.

O reajuste dos juros é mais um instrumento que o governo tem para tentar controlar a inflação. Em dezembro do ano passado, a tentativa de fazer a inflação baixar começou quando o BC aumentou o compulsório bancário, retirando cerca de R$ 61 bilhões de circulação, com o objetivo de reduzir o crédito e o consumo no mercado doméstico. Além disso, o BC exigiu também que os bancos disponibilizassem mais capital próprio como seguro nos empréstimos de longo prazo.

Para Fiergs, gastar menos e melhor é o remédio mais adequado contra inflação
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre, criticou a decisão do Copom na noite desta quarta-feira. Para ele, gastar menos e melhor é o remédio mais adequado contra inflação.

"O controle da inflação deve ser um compromisso de todos os governos, pois é uma conquista da sociedade brasileira. Entretanto, é importante lembrar que não há apenas os juros nessa missão. Vamos continuar insistindo: o governo precisa gastar menos e melhor. Ser mais eficiente é a medida mais barata para conter a inflação", afirmou o dirigente.

De acordo com Tigre, o setor produtivo precisa produzir e cabe ao governo controlar as variáveis que tornam o País atrativo para os novos negócios. "O governo precisa, necessariamente, fazer escolhas pois é impossível manter gastos elevados, câmbio desvalorizado e inflação controlada", disse o industrial, destacando que outro ponto fundamental é o avanço na agenda de reformas tributária, trabalhista e previdenciária.

Para Fiesp, alta da Selic aumenta gasto público em R$ 4,5 bi
A alta de 0,25 ponto porcentual da taxa básica de juros (Selic), decidida hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi criticada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). De acordo com o presidente da entidade, Paulo Skaf, o aumento da Selic para 12% ao ano é uma decisão que não conseguirá reduzir os preços das commodities que pressionam os preços internos. "Vai, sim, aumentar o gasto público brasileiro, consumindo no ano mais R$ 4,5 bilhões que poderiam ser investidos em áreas prioritárias, como saúde, educação e infraestrutura", afirmou, por meio de nota.

Segundo a Fiesp, o custo provocado pela alta da Selic seria suficiente para a construção de 3 mil escolas e o aparelhamento de 180 hospitais. Além disso, para a entidade, o Brasil está na contramão das taxas verificadas em outros países. "Este aumento agravará a entrada de capital especulativo no Brasil, comprometendo ainda mais nossa competitividade, que já sofre com um real supervalorizado em relação ao dólar", afirmou Skaf.

O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, disse hoje que o aumento da taxa Selic era "inevitável". "A decisão do Copom de aumentar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual já era esperada, tendo em vista os resultados da inflação registrada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) nos últimos meses", afirmou, em nota. "Apesar de ser uma medida desagradável e que terá reflexos negativos sobre a economia, ela se tornou inevitável para tentar atuar sobre as expectativas."

Na avaliação dele, o governo deveria agir de forma a controlar seus gastos para reforçar a ação do Banco Central. "Melhor seria o governo agir de forma mais efetiva no controle dos seus gastos."

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Abram Szajman, considerou "incoerente" a elevação da taxa básica de juros. Também em nota divulgada hoje, Szajman disse que o governo deveria cortar gastos e melhorar a eficiência dos serviços prestados.


"Manter inflação baixa com juros altos é incoerente", afirmou. "O excesso de gastos públicos coloca mais dinheiro em circulação e canibaliza parte dos efeitos da Selic elevada. O resultado geral dessa experiência é o pior dos mundos: taxa de juros elevada, encarecimento da dívida pública e inflação resistente com perda de competitividade da indústria nacional por causa do câmbio valorizado."

Na avaliação da entidade, a decisão do Copom contribui para a valorização do real e atrai mais capital especulativo. "Ao mesmo tempo em que o governo tenta frear a inflação com seguidos aumentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Selic, por outro lado continua a expandir gastos através do Tesouro. Em relação ao câmbio, as medidas tomadas a conta-gotas prejudicam a imagem do Brasil no cenário mundial", disse Szajman.

CNI considera aumento da taxa Selic 'inadequado'
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou "inadequada" a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto porcentual, para 12% ao ano. "A alta de 0,25 ponto dos juros básicos, ainda que em ritmo menor que na reunião passada, mostra uma perspectiva de combate ao aumento dos preços centrada unicamente na política monetária, sem o peso devido da política fiscal", diz a nota divulgada hoje pela entidade.


"O aumento da Selic aponta para um ciclo de aperto monetário com reflexos na valorização cambial e graves danos à atividade produtiva. A política fiscal é subutilizada no controle da inflação, quando deveria ser prioritária para evitar uma alta sistemática dos preços", acrescenta a nota.


Para a CNI, a experiência internacional mostra que o controle do gasto público causa efeitos mais eficientes e rápidos sobre o nível geral de preços do que a política monetária. "O custo econômico desse impacto é substancialmente menor, tanto em termos de crescimento do Produto Interno Bruto como na duração do ciclo de ajuste ao longo dos anos". Ainda segundo a nota, "a busca do controle da inflação unicamente pela via monetária concentra o ônus sobre o setor produtivo e encarece consideravelmente o investimento."


CNDL critica a decisão do Banco Central
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) lamentou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa básica de juros, e reitera que as medidas adotadas em conjunto pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda no esforço de combater as pressões inflacionárias têm produzido um efeito nefasto na economia. O Copom aumentou hoje a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, ficando agora em 12% ao ano.

Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, a elevação da Selic está mitigando a oferta imediata de recursos não só para o consumo, como pretende o governo, como também para o investimento produtivo, o que pode gerar um descompasso ainda maior no futuro entre oferta e demanda. "Estão aumentando a dose de um remédio que já não surtiu efeito, e que não é adequado para a doença em questão. É preocupante, porque esse remédio, em doses muito altas, pode matar o paciente ao invés de curá-lo", alertou o presidente da CNDL, em nota distribuída à imprensa.

Pellizzaro lembra, na nota, que o descontrole da inflação se deve mais aos aumentos de preços nos itens alimentação e transportes do que em bens de maior valor agregado, como carros, motocicletas e eletroeletrônicos, que são mais suscetíveis ao volume de crédito disponível. Esse efeito, segundo ele, se evidencia pelos números divulgados hoje pelo IBGE do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de abril, que mostrou claramente que a carestia se encontra nos itens de consumo diário, que não são afetados por medidas de contenção de crédito.

"O governo precisa conseguir novas estratégias para conter a demanda, porque o problema é que não há oferta suficiente, e muito provavelmente chegaremos a 2012 com inflação acima do teto da meta, de 6,5%. O Brasil precisa de infraestrutura condizente com sua capacidade de consumo, e o aumento de juros vai na direção contrária de resolver essa questão", avaliou.

Fonte: Jornal do Comércio, com informações da Agência Estado e Agência Brasil.

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